São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
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Movimento é menor do que o esperado

1.800 carros/hora passam no local; capacidade é de 3.100

CLAUDIO AUGUSTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O túnel Ayrton Senna, que liga as avenidas 23 de Maio e Antônio Joaquim de Moura Andrade (continuação da Juscelino Kubitschek), completa hoje um mês de funcionamento com um volume de tráfego aquém de sua capacidade.
Cerca de 1.800 veículos a cada hora passam pelo túnel. Esses dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) são relativos ao período entre 15h e 19h, nos dias úteis. Mas a capacidade do Ayrton Senna é de 3.100 carros por hora.
O arquiteto Nabil Bonduki, professor da Universidade de São Paulo e membro do governo Luiza Erundina (PT), disse que os números reforçam a sua tese de que a obra não era necessária.
"Mesmo que o túnel funcionasse com plena capacidade, aquela é uma obra discutível", disse Bonduki. "Faltou uma visão mais ampla da cidade."
Pelos cálculos do arquiteto, 4.650 pessoas passariam pelo túnel se 3.100 automóveis optassem por essa rota. Bonduki estimou em 1,5 o fator de ocupação de cada veículo para chegar a esse resultado. A CET costuma usar o fator 1,2.
O Metrô, ainda segundo o arquiteto Nabil Bonduki, atende a 65 mil pessoas por hora.
Por isso, o vereador Odilon Guedes (PT) atacou a prefeitura. Ele quer que o governo Paulo Maluf (PPB) pare de investir em obras viárias e ajude o governo do Estado e expandir as linhas do Metrô na cidade.
"Desde 1987, a prefeitura já gastou R$ 540 milhões no Ayrton Senna e na escavação de 20% do segundo túnel. Quando o prefeito Jânio Quadros assinou o contrato, em 1987, os dois túneis sairiam por R$ 159 milhões", disse.
O governo contesta esses dados. No dia da inauguração da obra, Maluf afirmou que a prefeitura gastou R$ 178 milhões no túnel.
Guedes disse que oficiou ao TCM (Tribunal de Contas do Município) em junho para que o caso fosse apurado. "Até agora, não tive resposta", afirmou o vereador.
A assessoria de imprensa do TCM informou que os autos estão com a Procuradoria da Fazenda Municipal. Até o fim da semana, devem voltar para que o conselheiro Paulo Planet Buarque comece a fazer seu relatório.
Planejamento
Nabil Bonduki afirmou que falta à prefeitura uma "idéia geral de plano viário" para o conjunto de obras que estão sendo feitas na cidade. "Alguns tiveram benefício com o túnel, mas provavelmente muitos perderam", disse o arquiteto. Para ele, é provável que o tráfego na 23 de Maio tenha piorado depois da inauguração do túnel.

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