São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995 |
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Autopeças pode demitir 20 mil
ARTHUR PEREIRA FILHO
O volume de demissões vai depender do percentual de aumento salarial que as empresas do setor forem obrigadas a conceder a partir de 1º de novembro, data-base da categoria. "A indústria não suporta nenhum aumento da folha de pagamento", explica Paulo Butori, presidente do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores). O sindicato tem cerca de 500 empresas filiadas em todo o país. A Força Sindical, que representa 110 mil trabalhadores da indústria de autopeças na cidade de São Paulo, quer que os trabalhadores recebam toda a inflação do período, mais 2% de aumento real. No início da negociação, a central chegou a pedir 15%. A indústria diz que só pode pagar o IPC-r. Descontadas as antecipações, dá 7,07%. Mesmo pagando apenas o IPC-r, o setor, avalia Butori, terá de dispensar cerca de 8.000 funcionários para evitar um aumento de 3% na folha de pagamento. Ele explica que a indústria não tem como repassar o aumento de custos. "Quem fixa os preços são as montadoras, que querem cada vez pagar menos pelas peças e ameaçam com importações". Caso os trabalhadores consigam na Justiça o repasse integral da inflação, as demissões podem chegar a 20 mil pessoas. Esse total é equivalente ao total de dispensas feitas entre maio e setembro deste ano (20.800), quando houve queda na venda de automóveis e redução dos pedidos feitos pelas montadoras. O total de empregados no setor de autopeças, nesse caso, cairia dos atuais 230 mil para 210 mil. A greve terá um impacto imediato sobre a produção das montadoras de carros, prevê Butori. "Houve redução de produção nos últimos meses e os estoques de peças dão para menos de sete dias, em média", diz. O setor tem atualmente cerca de 30% de capacidade ociosa. Texto Anterior: Metalúrgicos da Força Sindical fazem greve hoje em cinco setores Próximo Texto: Indústria paulista fecha 21 mil vagas em outubro Índice |
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