São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
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Marsalis visita Snoopy e Charlie Brown em CD

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Wynton Marsalis visita Charlie Brown e seus amigos. O desenho animado com os clássicos personagens de Charles Schulz é tema do novo CD do trompetista americano -lançado aqui em pacote que inclui quatro veteranos do jazz (leia box nesta página).
"Quando eu era garoto, a única chance de ouvir jazz na TV era quando Charlie Brown aparecia", lembra Wynton, 34, no encarte do disco. "Sempre gostei do sentimento que a música carregava para o desenho animado", diz, justificando seu projeto.
O álbum "Joe Cool's Blues" destaca também o pianista Ellis Marsalis. O patriarca da famosa família musical de Nova Orleans assina cinco das 13 faixas do CD, acompanhado por seu trio.
Enquanto Ellis interpreta os temas que Vince Guaraldi escreveu originalmente para a trilha sonora do desenho, Wynton apresenta sete composições próprias, à frente de seu septeto.
"Joe Cool's Blues" não é apenas uma esperta tentativa de atrair para o jazz um público mais amplo. Incluindo as participações de Delfeayo e Branford Marsalis, o clã de Nova Orleans oferece música de alta qualidade.
Outro destaque deste pacote é o pianista Marcus Roberts, 31, por sinal, um ex-parceiro de Wynton. Na linha de seus discos anteriores, nos quais recriou a música de mestres do gênero, desta vez Roberts escolheu o compositor George Gershwin (1898-1937).
O título "Gershwin for Lovers" não deve ser entendido à risca. Marcus assume o romantismo original de canções como "The Man I Love", "Someone to Watch Over Me" e "Our Love Is Here to Stay".
No entanto, faz questão de alternar esses números com outros mais jazzísticos, caso das faixas "But Not For Me", "Nice Work If You Can Get It" e "It Ain't Necessarily So".
Já o trompetista Leroy Jones não mostra no CD "Mo' Cream From the Crop" muito mais do que exibiu em palcos brasileiros, no recente Free Jazz Festival.
Limitado como instrumentista e, mais ainda, como vocalista, o protegido do cantor Harry Connick Jr. tenta reviver o mestre Louis Armstrong (1901-1971) com resultados medíocres. Comparado ao trabalho de Marsalis, seu conterrâneo de Nova Orleans, o álbum de estréia de Leroy soa primário e saudosista.
Apesar de ser apresentado pela gravadora como o sucessor de Armstrong, o fato de Leroy ter lançado seu primeiro disco só aos 38 anos é bastante revelador.
Num mercado ágil como o de jazz, cujos produtores vivem perseguindo os garotos-prodígio, para ter se mantido inédito até agora, na certa Leroy Jones nunca mostrou nada de original.

Discos: Joe Cool's Blues (de Wynton e Ellis Marsalis); Gershwin for Lovers (de Marcus Roberts) e Mo' Cream From the Crop (de Leroy Jones)
Lançamentos: Columbia/Sony
Quanto: R$ 20 (em média)

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