São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
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Comissão apura possível falha de segurança

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Shin Bet, serviço responsável pela segurança interna em Israel, montou uma comissão interna para investigar as possíveis falhas na segurança proporcionada ao premiê Yitzhah Rabin durante a manifestação.
A segurança dos líderes israelenses é função da polícia secreta do Shin Bet.
Esse comitê é formado por dois ex-diretores da agência de segurança israelense, assim como um advogado civil e um investigador militar.
O governo também anunciou que vai criar uma comissão independente para avaliar se houve erro na segurança.
A comissão seria liderada pelo ex-juiz da Corte Suprema Meir Shmagar.
O objetivo das comissões é avaliar se o assassinato poderia ter sido evitado ou não.
O premiê foi morto no sábado por dois tiros disparados a curta distância por um judeu radical.
O judeu tinha se fingido de motorista da Prefeitura de Tel Aviv, onde havia uma manifestação de mais de 100 mil pessoas pela paz, e conseguiu entrar no estacionamento da praça Reis de Israel sem ser revistado.
A sua aproximação permitiu que pudesse atingir Rabin. Ele estava a cerca de 1,5 m de Rabin.
A mulher de Rabin, Leah, disse ontem que nunca aconselharam ao premiê usar um colete a prova de balas.
Anteontem, o jornal "Haaretz" publicou que ela teria negado o uso do colete porque o achava desnecessário.
Leah disse que, de qualquer forma, Rabin não o utilizaria, porque "ele não se preocupava com a sua segurança".
Ela disse que, 24 horas antes da morte de Rabin, extremistas ameaçaram matar seu marido em frente a sua casa.
"Toda sexta-feira na minha casa havia manifestação de direitistas, mas, na sexta-feira passada, a manifestação foi muito pior. Eles disseram que em no máximo um ano matariam Yitzhak."
Segundo a rede de TV paga CNN, o premiê já tinha recebido ameaças verbais de Yigal Amir, que confessou o assassinato.
Há dois meses, durante um discurso do premiê, Amir se jogou em direção a ele e disse: "Rabin, traidor dos judeus".
Ele foi detido pelos policiais israelenses no local.
A Shin Bet sempre foi considerada eficiente ao agir contra os árabes, considerados os inimigos naturais das lideranças do país.
O líder do Shin Bet é desconhecido do público. Só pode conhecê-lo o premiê israelense.
O serviço de segurança foi criticado por várias autoridades por não estar preparado para o inimigo interno, o judeu.
Com a crescente radicalização em torno dos movimentos em direção à paz, surgiram grupos que se opõem a esses acordos e se tornaram perigosos.
Na primeira vez que um premiê israelense foi assassinado, provou-se que a segurança de Israel, considerada infalível, é falha.
As forças de segurança estavam em alerta máximo, depois da morte do líder da Jihad (Guerra Santa) Islâmica, Fathi Chqaqi, ocorrida uma semana antes. O grupo havia prometido vingar a morte de seu líder com ataques contra judeus.
A segurança foi aumentada em relação aos palestinos, mas muito pouco em relação aos judeus.
Um rabino do movimento radical Kach havia dito na revista "Jerusalem Report" que Rabin estava amaldiçoado e que "os anjos da destruição deveriam enfiar uma espada nele".
Nos últimos dias antes do atentado, Yitzhak Rabin, que normalmente é acompanhado por dois ou três guarda-costas pessoais, teve sua segurança aumentada.

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