São Paulo, terça-feira, 7 de novembro de 1995
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Acordo com a Síria é agora mais difícil

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Síria é hoje a única incógnita no processo de normalização das relações de Israel com seus vizinhos árabes. Nesta tarefa, Shimon Peres terá mais dificuldades que Yitzhak Rabin.
Ainda ontem, Warren Christopher, o secretário de Estado norte-americano, confidenciou ter telefonado sábado para o presidente sírio, Hafez Assad, e ter ouvido dele que a morte de Rabin era uma "má notícia" para seu país.
Outra autoridade norte-americana, provavelmente o próprio Christopher, também disse que Assad condenou o assassinato e o qualificou de "trágico".
Em termos de visibilidade diplomática, a Síria não mandou representante aos funerais de Rabin e Assad não enviou nenhuma mensagem de pêsames à família Rabin ou ao governo israelense.
Ontem, um jornal oficial sírio, o "Tishrin", disse que caberia agora aos israelenses dar o primeiro passo em direção à paz.
O primeiro-ministro assassinado, militar de carreira umbilicalmente identificado à idéia de defesa do Estado, possuía uma biografia que facilitava concessões ao regime sírio. Ele seria insuspeito.
Peres possui, ao contrário, um perfil ligado à esquerda trabalhista e, por circunstâncias internas (oposição ao governo de linha dura do Likud, entre 1977 e 1983), é visto como mais conciliador.
Pela lógica, o premiê interino deverá dar sinais de intransigência para conquistar a confiança dos que duvidam de sua firmeza.
Foi aliás esse seu comportamento como chefe do gabinete de união nacional, entre 1984 e 1986.
As negociações entre Israel e Síria estão na estaca zero desde 1991. Assad quer a aplicação incondicional de uma resolução da ONU que prevê a retirada israelense das colinas do Golã, conquistadas na guerra de 1967.
Ao que o governo de Israel retruca que aquele território deverá se desmilitarizar para não se tornar uma ameaça a suas fronteiras. Golã é bem mais que um pedaço de terra. É um dos territórios mais férteis do Oriente Médio.
Assad foi um personagem-chave na guerra civil naquele país (1975-1990), em que morreram 150 mil pessoas. Tratado de cooperação assinado em maio de 1990 praticamente coloca a Síria como potência tutelar do equilíbrio interno das forças em Beirute.

Com agências internacionais

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