São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 1995
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Filósofo judeu alerta: fascismo está de volta

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Volto a tecer considerações sobre o assassinato do premiê israelense Yitzhak Rabin, depois de ler a entrevista com o filósofo francês -e judeu- André Glucksmann, publicada segunda-feira no jornal italiano "Corriere della Sera".
Glucksmann começa afirmando não entender o espanto diante do fato de o assassino de Rabin ser judeu: "A Bíblia está cheia de israelitas que se matam entre eles", diz.
Em seguida, ele afirma que estamos vivendo o ressurgimento do fascismo -cuja base são racismo e etnia- como fenômeno mundial.
E dá exemplos: a marcha em Washington com um milhão de homens negros, patrocinada pelo líder negro Louis Farrakhan, e a alegria compartilhada por extremistas árabes e judeus na morte de Rabin. "Esses dois fascismos, que deveriam se detestar, acabam encontrando um ponto comum, como aconteceu entre Hitler e Stálin, que atuavam em campos opostos, mas se imitavam", diz.
Para o filósofo, começa a surgir uma espécie de solidariedade entre movimentos extremistas.
Sérvios destroem mesquitas e fanáticos da Argélia destroem escolas. "Eles não usam as mesmas etiquetas, mas compartilham um objetivo comum: 'Viva a Morte', como gritou o general franquista Millan Astray na cara do filósofo espanhol Miguel de Unamuno. Eles matam políticos, cantores, jornalistas, escritores e civis. O fascismo de hoje não mira um bloco nacional ou popular, mas, assim como um vírus, passa de uma terra à outra. Eles trocam armas, videocassetes e até espalham suas palavras de ordem via Internet".
Glucksmann diz ainda que a diáspora (comunidade judia fora de Israel) norte-americana é uma das grandes patrocinadoras desse pensamento sectário.
Já que esses bárbaros querem expulsar os palestinos de território israelense, por que se limitam a enviar dólares a Israel? Por que não vão para lá enfrentar seus inimigos -olho por olho, dente por dente?

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