São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 1995
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Épico de Hong Kong perde-se na convenção

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Filme: Concubina - A Maior de Todas as Conquistas
Produção: Hong Kong
Direção: Stephen Shen
Elenco: Ray Lui, Rosamund Kwai, Gong Li, Zhang-Fei Yi
Onde: a partir de hoje no Top Cine

"Concubina - A Maior de Todas as Conquistas" não se contenta em ser um título ridiculamente hiperbólico. Também é de uma falsidade tão grande que está condenado ao non-sense.
Mas existe um sentido, afinal, nessa operação: a palavra concubina está associada, de alguma forma, a histórias de amor, de mulheres, e ao nome de Gong Li (atriz de "Adeus Minha Concubina").
A palavra conquista tem duas aplicações: ao amor e ao poder. No caso, estamos diante de uma disputa de poder. Primeiro, os generais Xing Yu e Liu Bang unem-se, poucos séculos antes de Cristo, na China, para derrubar a dinastia Qin. Em seguida, separam-se e se opõem.
Gong Li faz a mulher de Liu Bang e tem uma paixão cruzada: aposta no marido para chegar a imperatriz, mas gosta mesmo é do outro.
Resta uma parte do título a dissecar: "a maior de todas". A expressão é usada pelos distribuidores de filmes, toda vez que não acreditam muito em seu produto: essa grandeza quase sem dimensão sempre leva uns gatos pingados aos cinema.
Dito isso, existe o filme (com produção executiva de Zhang Yimou, um dos cineastas chineses de maior prestígio no Ocidente).
Estamos, então, diante de um épico que pretende mostrar um momento da história da China e o combate entre as dinastias Qin e Chun. Não são subsidiários os temas da lealdade, da ambição, da quebra de harmonia e da corrupção decorrentes do poder.
Há, em tudo isso, um tanto de drama, um tanto de Shakespeare, um tanto de Howard Hawks. Há também imagens que lembram Kurosawa.
Mas não existe o sentido trágico do maior dramaturgo inglês, nem a discreta inflexibilidade de idéias do grande cineasta norte-americano. E se Kurosawa, o japonês, pode ser lembrado pelo aplomb dos desfiles de tropas, logo o esquecemos.
Basta começar uma batalha que o filme mais parece produção da velha Fox, daquelas que sucumbiam sob o peso do maquinário de produção.
A identificação do elenco, no final, é em mandarim, o que torna impossível ter certeza a respeito.(Inácio Araujo)

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