São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 1995
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São Paulo quer gastar três vezes mais em 96

ELVIS CESAR BONASSA; FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O Orçamento da Secretaria de Estado da Cultura previsto para o ano que vem é de R$ 86 milhões. Se for cumprido, será mais de três vezes o que se gastou neste ano, R$ 24 milhões.
O aparente aumento não significa que sobrará dinheiro para a secretaria. O Orçamento é, na prática, uma declaração de intenções. No ano passado, a previsão era de R$ 106,3 milhões, que sofreram cortes sucessivos até chegar à cifra efetivamente gasta.
Mesmo com mais recursos financeiros, a Secretaria tem problemas administrativos, reconhecidos pelo próprio secretário, Marcos Mendonça, e perdeu recursos humanos: quase 70% de seus funcionários foram demitidos este ano (de 1.500 para menos de 600).
Além disso, os R$ 86 milhões não incluem nem um centavo para a lei estadual de incentivo à cultura, a chamada Lei Fleury, aprovada no ano passado. Alegando problemas jurídicos, Mendonça não colocou a lei em vigor.
Problemas jurídicos que, neste caso, são meros pretextos. Por uma decisão política, o governador Mario Covas brecou a vigência da lei. Ele considera que tal lei engessa parte de seu Orçamento.
Ao contrário de suas similares federal (Lei Rouanet) e municipal (Lei Mendonça), que dão descontos em imposto para quem investe na cultura, a legislação de incentivo estadual exige destinação de recursos orçamentários.
A proposta orçamentário indica também que não será em 96 que Mendonça cumprirá a promessa de criar uma fundação cultural.
Apresentada no início de seu mandato como solução para a escassez de recursos e pessoal, a fundação não passa por enquanto de um projeto engavetado no Palácio dos Bandeirantes.
Essa fundação teria a atribuição de captar recursos junto à iniciativa privada, assumir a condução das políticas culturais públicas e contratar pessoal para atividades culturais.
O projeto foi elaborado pela equipe de Mendonça no primeiro semestre, com o compromisso público de ser enviado à Assembléia Legislativa ainda neste ano.
Mais uma vez, Covas brecou a idéia. Dentro de seu programa de enxugamento da máquina pública -que inclui cortes de recursos para fundações já existentes (casos da TV Cultura e do Memorial da América Latina), uma nova instituição não seria bem-vinda.
Mas ainda assim o secretário afirma que a maior parte dos projetos culturais para 96 promovidos pelo Estado terá dinheiro de empresas privadas.
A exemplo de 95, o secretário quer fechar parceria com o Banco Real para financiar o Festival de Inverno de Campos do Jordão (custo de R$ 2 milhões) e prevê que eventos no Museu da Imagem e do Som (MIS) e da Orquestra Sinfônica do Estado tenham recursos da iniciativa privada.
"O objetivo para 96 é ampliar ao máximo estas parcerias", afirma o secretário.

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