São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 1995
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Marcelo Coelho discorre sobre crítica à razão iluminista

DA REPORTAGEM LOCAL

O escritor e jornalista Marcelo Coelho, articulista da Folha, foi o palestrante de anteontem, em São Paulo, do ciclo "A Crise da Razão", organizado pela Funarte no Rio e em São Paulo.
Com o tema "O Sorriso Medonho", Coelho discorreu, durante duas horas, sobre a crise da razão no século 19, na França.
Analisando poetas românticos franceses do início do século 19, Coelho discutiu aspectos da reação política e filosófica ao Iluminismo.
Para ele, o início da literatura romântica marcou a crítica à razão, uma desconfiança em relação à ciência e uma volta ao pensamento religioso. O mal era personificado pelo filósofo Voltaire.
"Quase todos os poetas românticos desse período escreveram contra Voltaire e contra a razão."
Coelho observou que o final do século 18 causou o fim de de algumas certezas da forma como estavam estabelecidas -as classes sociais, por exemplo.
"A Revolução Francesa realizou, e o século 19 acentuou, a destruição dos 'nichos estamentais'. Antigamente havia uma divisão vertical na sociedade. Passou a ser horizontal, uma característica da sociedade burguesa."
A literatura romântica foi uma reação contra a perda de valores.
Coelho disse que o Iluminismo e a razão eram "um olhar voltado para fora de nós mesmos", enquanto que no século 19 se desenvolveu "um espírito de análise que se volta contra nós mesmos".
"Havia um espírito de dúvida e análise que não tinha mais objetivo", afirmou.
Por isso, segundo ele, a metáfora literária mais comum no período era "o vazio".
Coelho observou, contudo, que a razão saiu vitoriosa, afirmando que "a crise da razão não é mais séria agora do que antes".
Para ele, sempre há forças obscurantistas lutando contra a razão, mas "o pensamento científico tende a prevalecer".
O palestrante de hoje no ciclo "A Crise da Razão", em São Paulo, será o filósofo francês Jacob Rogozinski, que falará sobre "Razão e Terror".

O ciclo de palestras "A Crise da Razão" acontece em São Paulo, às 19h30, no Centro Universitário Maria Antonia (r. Maria Antonia, 284, tel. (011) 255-7182; no Rio, no Núcleo de Estudos e Pesquisas da Funarte (r. da Imprensa, 16, 5º andar, tel. (021) 297-6116)

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