São Paulo, sábado, 11 de novembro de 1995 |
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Governistas acusam FHC de manipular reeleição
RAQUEL ULHÔA
"O presidente comete um grave erro ao estimular isso. E mais ainda quando vem a público dizer que o problema é do Congresso e que ele não participa. Essa não me parece uma postura de estadista. Sua excelência passa para a opinião pública -embora não seja assim- a idéia de hipocrisia", disse o senador. Para Peres, "é evidente" que, se FHC dissesse aos ministros que não quer a reeleição, nenhum deles trataria do assunto. "Isso é o óbvio ululante", afirmou. "O presidente está, inequivocamente, estimulando a proposta." O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, vem defendendo a idéia de que o Congresso aprove emenda constitucional para permitir que o presidente possa candidatar-se à reeleição em 98. Peres disse que essa posição de FHC "afeta gravemente sua autoridade", já abalada por "fatos menores". O senador citou a nomeação de Luciana, filha do presidente, para ser secretária do pai. Peres disse que não é crime, ponderou que Luciana é competente, mas afirmou que o fato "expôs" FHC. "Presidente é como a mulher de César: não basta ser, tem de parecer eticamente inatacável", afirmou Peres, da tribuna do Senado. Peres disse que, se fosse aprovada a reeleição de presidente, governadores e prefeitos, estes titulares usariam a máquina em benefício próprio porque "o uso da máquina no Brasil é escandaloso". O senador afirmou que o ex-presidente José Sarney (1985-89), hoje senador pelo PMDB do Amapá e presidente do Congresso, "ficou estigmatizado pela luta" que travou pelos seus cinco anos de mandato. Apoio Vários senadores da base governista apoiaram o discurso de Peres, que se denomina um "ET na política". Ex-vereador e professor universitário de economia, Peres pulou da Câmara Municipal de Manaus para o Senado. Ele planeja candidatar-se ao governo do Amazonas em 98. O senador Josaphat Marinho (PFL-BA) disse que a reeleição vai prejudicar a renovação dos quadros políticos e dirigentes. Casildo Maldaner (PMDB-SC) afirmou que melhor do que o presidente ter de ficar negociando para conseguir oito anos de mandato seria administrar bem durante quatro anos e, "ao fim deles, deixar saudades". Vilson Kleinubing (PFL-SC) afirmou que, "para ser mais sincero", FHC deveria propor ao Congresso emenda constitucional aumentando o mandato presidencial para cinco anos, mas para vigorar apenas a partir do seu sucessor. O único senador que apoiou a reeleição, ontem, foi o líder do PPB, Epitácio Cafeteira (MA). Ele defendeu a votação imediata pelo Congresso da emenda constitucional que vai permitir a reeleição para os cargos executivos. Planalto A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto disse ontem que o presidente Fernando Henrique Cardoso sempre foi muito claro e transparente em todas as suas ações e, quando diz que reeleição é assunto do Congresso, é porque o tema é exclusivo daquela Casa. Quanto ao fato de o senador Jefferson Peres ser do PSDB, a assessoria afirmou que não há problemas nas críticas, por ser o partido uma entidade democrática. Texto Anterior: Relator recua e aceita mudanças já Próximo Texto: FHC cobra mais resultados de Jatene Índice |
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