São Paulo, sábado, 11 de novembro de 1995
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Governo mexicano intervém para frear queda do peso

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

O Banco do México (emissor) reconheceu ontem que interveio "com uma quantidade modesta de reservas" no mercado cambial, para frear a queda do peso frente ao dólar, na quinta-feira passada.
A instituição não precisou o montante de reservas utilizado na operação.
Segundo estimativa do economista Roberto del Cueto, o governo teria gasto US$ 150 milhões para conter a alta do dólar.
Já estimativas de operadores independentes indicam que o Banxico (Banco do México) utilizou pelo menos US$ 300 milhões na operação.
Empresários reunidos no Congresso de Comércio Exterior em Acapulco apoiaram a intervenção do Banxico. "Foi um pouco tardia, mas, de qualquer forma, bem-vinda", disse Victor Manuel Terrones, líder patronal.
Na quinta-feira, o dólar alcançou sua cotação recorde no México: 8,5 novos pesos. Com a intervenção do Banxico, a moeda norte-americana fechou a 7,9 novos pesos, mesma cotação negociada ontem.
Além da intervenção direta, o Banxico colocou à venda US$ 200 milhões em títulos com prazo de 14 dias e juros de 61,7% ao ano, tornando bastante atrativa a opção de investimento em pesos.
O Banxico anunciou também a inflação de outubro, 2,06%, índice muito parecido ao de setembro.
O governo utilizou o dado para desmentir os rumores de aumentos generalizados nos preços de produtos básicos.
Muitos economistas, porém, acreditam que os aumentos devem aparecer nos índices inflacionários de novembro e dezembro.
Ontem, Bolsa e dólar permaneceram estáveis. A agitação aconteceu no Congresso, onde deputados do partido de oposição de direita, PAN (Partido de Ação Nacional), pediram a renúncia do presidente do Banxico, Miguel Mancera, que está no cargo há 13 anos.
Os deputados temem que as intervenções do Banxico tornem-se frequentes, o que poderia liquidar "em muito pouco tempo" as reservas internacionais do país.
No dia 3, o México possuía US$ 14,2 bilhões em reservas, quantia considerada insuficiente para que o Banxico possa controlar o mercado cambial. No pior momento da crise mexicana no governo de Ernesto Zedillo, as reservas chegaram a cair US$ 3,5 bilhões em um só dia.
Nos EUA, o senador republicano Alphonse D'Amato aproveitou a semana de instabilidade do peso e criticou mais uma vez a ajuda do presidente Bill Clinton ao México.
Em fevereiro, os EUA aprovaram empréstimo de US$ 20 bilhões ao México, dinheiro que está sendo utilizado na recomposição das reservas.

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