São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995
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Dólar a 8 pesos bate recorde no México

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

O dólar comercial negociado em casas de câmbio fechou a 8,00 novos pesos à venda ontem no México. Trata-se da maior cotação de fechamento da história.
Com relação a sexta-feira, a moeda norte-americana subiu 1,25% em casas de câmbio e 3% no mercado interbancário (operações de grande volume), onde fechou a 7,82 novos pesos à venda.
A Bolsa encerrou operações com queda de 2,43%. O índice México (inclui apenas grandes empresas do país) caiu 4%.
Pesquisa publicada ontem pelo jornal "Reforma" revela que 63% dos mexicanos consideram a desconfiança dos investidores na política econômica do governo como principal causa da volatilidade.
Os outros 37%, assim como o governo, apontam a especulação como principal fator.
Na semana passada, o dólar já havia alcançado 8,50 novos pesos, porém o Banco do México (emissor) interveio e a cotação de venda fechou em 7,90.
A intervenção foi mal vista por analistas, pois apenas demonstraria que a situação é muito frágil e que o governo não pode sustentar essa política, já que não teria reservas suficientes.
As reservas do Banco do México estavam em US$ 14,2 bilhões antes da intervenção. A instituição ainda não divulgou quanto foi gasto na operação.
Para o economista Andrés Montalvo, a falta de perspectivas de recuperação é o que mais desestimula o mercado. "Não acredito em conspirações (maciços movimentos especulativos)", disse ele.
Segundo previsão da empresa norte-americana de análises financeiras Ciemex-Wefa, o PIB (Produto Interno Bruto) do México vai cair 7% este ano e o desemprego (7,5% em agosto) deve continuar subindo em 96.
Privatização
O governo mexicano vai dividir o sistema ferroviário do país em quatro regiões (Pacífico Norte, Nordeste, Sudeste e Vale do México), com vistas ao processo de privatização do setor.
"Assim, evitamos o monopólio privado e incentivamos a concorrência", disse ontem o Ministro de Transportes, Carlos Ruiz.
Segundo Ruiz, o processo de privatização no setor será concluído antes do final de 96. O prazo das concessões será de até 50 anos renováveis. Participarão da concorrência várias empresas dos EUA.
O ministro não negou a possibilidade de demissões com a privatização do sistema ferroviário. Hoje, a estatal emprega pouco mais de cem mil pessoas. Ele afirmou também que um aumento das tarifas é provável, pois eliminará o subsídio do governo.
A estatal opera atualmente com déficit diário de US$ 1 milhão e possui dívida de US$ 400 milhões.

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