São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995
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Palmeiras é condenado por morte de jogador

LUÍS CURRO
DA AGÊNCIA FOLHA

O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou a Sociedade Esportiva Palmeiras a pagar uma indenização de quase R$ 400 mil à família do jogador Carlos Wladimir da Silva, o Japão, morto em novembro de 91.
Japão defendia o time de futebol de salão do Palmeiras.
Em um lance da partida do Campeonato Metropolitano contra a Eternit, disputada no Parque Antarctica, o palmeirense Gibinha chutou uma bola com violência. Ela desviou em um adversário e acertou o abdômen de Japão.
O jogador caiu e não conseguiu se levantar, desmaiando em seguida. Não havia médico do Palmeiras para socorro imediato nem uma ambulância equipada com instrumentos médicos. Japão foi levado para um hospital em um carro da Polícia Militar. Morreu cerca de 40 minutos após o lance.
Na época com 23 anos, Japão defendia a seleção paulista e fora convocado para a seleção brasileira cinco dias antes de morrer.
Não era casado, mas tinha um filho de um ano, Guilherme.
O pai de Japão, o comerciante Carlos Alfeu da Silva, 57, disse que tentou um acordo com o então diretor de futebol do Palmeiras, Mustafá Contursi (hoje presidente do clube), para abertura de uma poupança para a criança.
"Vá à Justiça que o Palmeiras paga", disse Contursi, de acordo com Silva.
Foi o que a família fez. Contratou o advogado Norberto Guedes de Paiva, 40, que instaurou uma ação de indenização por danos morais em nome de Guilherme, acusando o Palmeiras de negligência na morte de Japão.
No julgamento em primeira instância, em 93, o Palmeiras foi condenado pelo juiz William Lima Cabral, da 6ª Vara Cível de São Paulo.
A pena é uma indenização de R$ 50 mil à família do jogador, mais dez salários mínimos mensais (R$ 1.000) até Guilherme completar 25 anos, e 15% do valor total para o advogado da família.
O prejuízo ao Palmeiras chega aos R$ 389 mil (o equivalente, aproximadamente, à renda de um jogo com 38 mil pagantes). O clube recorreu, mas a decisão foi confirmada, em segunda instância, no dia 26 de outubro.
A Federação Paulista de Futebol de Salão (FPFS) não obriga os clubes a terem um médico no banco de reservas durante os jogos.
"O regulamento só exige um treinador e um massagista", diz o presidente da FPFS, Ciro Fontão de Souza, 71.
Na opinião de Souza, o futebol de salão não é um esporte violento, por isso a presença do médico é desnecessária.
"O máximo que pode acontecer é um jogador quebrar uma perna. A morte do Japão foi um acidente lamentável. Isso acontece uma em cada 10 mil vezes."

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