São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995
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Brasil lidera a exportação de artilheiros

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil é o país anedótico que importa em quantidades industriais do Oriente aparadores elétricos de pêlos do nariz, mas é também, possivelmente, o maior exportador de artilheiros do mundo.
Chega a ser espantoso saber que três brasileiros lideram as artilharias em três disputadíssimos campeonatos europeus, além de um, não menos importante, que ocupa a ponta no Campeonato Mexicano.
Para encanto dos narradores da ESPN, que não cansam de admirar o seu futebol, Ronaldo, do PSV Eindhoven, disputa novamente o posto de maior marcador do Campeonato Holandês. Na temporada 94/95, chegou em primeiro com 30 gols.
O sorridente Bebeto, que já sentiu o gosto de ser o artilheiro do Campeonato Espanhol, na temporada 92/93, está mais uma vez na ponta, marcando gols e embalando nenéns para o La Coruña.
Élber, um jovem que mal jogou bola em campos brasileiros e cujo passe pertence ao esperto Milan, faz hoje gols para o Stuttgart em número suficiente para liderar a artilharia do Campeonato Alemão.
Flamenguistas desesperados com seus três roucos tenores (Edmundo, Romário e Sávio) talvez derramem lágrimas ao ver que Tita continua mandando a bola para o fundo da rede... no Campeonato Mexicano.
Por aqui, não dá para deixar de falar de Túlio. Com seu aparente tédio e descaso pelo que ocorre a sua volta, o camisa sete botafoguense prossegue pintando o sete, com a incrível marca de 18 gols em 18 jogos, média de um por partida, no não pouco disputado Campeonato Brasileiro.
A continuar neste ritmo, Túlio vai comemorar sua terceira artilharia seguida (foi artilheiro, ao lado de Amoroso, do Brasileiro de 94 e artilheiro do Campeonato do Rio de 95). Só falta, de quebra, dar um título ao Botafogo.
Os sucessos aqui citados dão apenas uma pálida idéia da safra excepcional que dispõe hoje o Brasil, em seus próprios gramados e nos espalhados pelo mundo. Quem viu na televisão o gol de placa de Leonardo, semana passada no Campeonato Japonês, entende o que quero dizer.
O Flamengo "comemora" amanhã o seu centenário. Comemora entre aspas porque aquela que havia sido imaginada como uma grande festa neste ano virou um pesadelo, que não quer acabar.
Domingo, no Rio, na vitória de 2 a 1 contra o Goiás, os menos de mil torcedores do Flamengo que foram ao estádio entoaram um irônico "Salve, salve, aleluia" na hora dos gols do time.
Ainda domingo, o jornal "O Globo" publicou uma antologia de 11 piadas sobre o Flamengo. Uma: "Um circo está pensando em contratar o ataque do Flamengo, que tem um pipoqueiro, um animal e um palhaço". Outra: "Por que Túlio perdeu o pênalti pelo Brasil na Copa América? Para Sávio e Edmundo não ganharem nada no ano do centenário".
Esse fracasso histórico dá alguma esperança aos que acreditam que o marketing ainda não é capaz de tudo no mundo.

Hoje excepcionalmente deixamos de publicar a coluna de Matinas Suzuki Jr.

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