São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995
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América redescobre os malditos 'beats'

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

Com uma mega-exposição inaugurada na quarta-feira passada no Museu Whitney, em Nova York, a cultura "beat" volta a ocupar os principais jornais e revistas dos EUA, exatamente como aconteceu há 45 anos, quando o movimento tomou de assalto o país.
Apesar de boa parte dos ídolos "beats" terem morrido ou sucumbido ao exagero das drogas e do álcool, o movimento está longe de ter sido esquecido e ressurge com força total.
Além da exposição no Whitney, os poetas "beats" viraram grife de restaurantes, drinques, hotel, roupas e até tema de propaganda para vender carros da marca Volvo.
Um bom indicador é o balanço de vendas da editora Grove Press, responsável pela publicação da maioria dos títulos "beat".
Apenas em 1995, a venda de obras de Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William Burroughs aumentou em 30%.
No cinema, os "beats" também ressurgem com tudo.
O cineasta Francis Ford Coppola deve começar a filmar "On The Road" (obra-prima de Kerouac) no início do ano que vem. Desde o fim de 94, quando adquiriu os direitos do livro por US$ 90 mil, Coppola tem se dedicado de corpo e alma ao projeto.
Mas antes mesmo de virar filme, "On The Road" já pode ser visto nas TVs americanas na nova campanha da fabricante de automóveis sueca Volvo.
Para ter direito de mencionar o título do livro numa propaganda que dura 30 segundos, a Volvo teve que desembolsar US$ 20 mil.
Não é só a família de Kerouac (morto em 1969) que está faturando com o ressurgimento do movimento "beat". No fim do ano passado, Ginsberg vendeu seu arquivo pessoal para a Universidade de Stanford (Califórnia) por US$ 1 milhão. E "Naked Lunch", livro de William Burroughs, 81, será lançado em audio-livro no início de dezembro pela Time Warner.
O valor da transação não foi divulgado.

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