São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 1995
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Ginsberg vê seguidores entre novos poetas

DE NOVA YORK

A redescoberta dos "beats" em 1995 encontrou recepção calorosa dos admiradores do movimento.
Os entusiastas afirmam que a onda não é meramente saudosista e que há uma nova geração de poetas e escritores malditos que está desenvolvendo um trabalho consistente e semelhante ao dos poetas da década de 50.
Entre os defensores desta corrente está o próprio Allen Ginsberg, 69, um dos poucos "beats" que continuam produzindo livros.
Ginsberg é o maior incentivador da nova geração, na qual se destacam Geoffrey Manaugh, Eliot Katz e David Greenberg, todos nascidos depois de 1970.
Na última sexta-feira, Ginsberg foi ver a exposição no Whitney acompanhado de Manaugh. Juntos, eles deram uma "canja" ao público e leram alguns poemas.
Na ocasião, Ginsberg afirmou que vê muitas semelhanças entre os anos 90 e a década de 50, quando explodiu o movimento "beat".
"Sinto hoje em dia o mesmo tipo de pressão, ou melhor de repressão, que existia na nossa época. Por isso, apesar de todas as diferenças óbvias a gerações separadas por 40 anos, acho que esses garotos têm muita coisa em comum com o que nós éramos. A poesia rebelde que eles estão produzindo é uma maneira de fugir desse clima castrador", afirmou Ginsberg à Folha.
Há quem critique, entretanto, a maneira como o movimento beat está ressurgindo nos EUA.
Os argumentos normalmente usados pelos críticos são de que tanto sucesso e consumismo vão contra o ideal "beat".
Para eles, Jack Kerouac ter virado nome de restaurante em Chicago é uma heresia e deve fazer o poeta revirar no túmulo.
Para a curadora da exposição do Whitney, Lisa Phillips, é natural que movimentos vanguardistas sejam incorporados à cultura de massa depois de um tempo.
"Claro que há uma ironia nos 'beats' serem canonizados e terem suas obras em museus tradicionais. Mas isto é inevitável e vai ocorrer com todos os artistas que marcaram uma época", afirma Phillips.

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