São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 1995
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Estrutura não tinha alvará, diz Contru

DA REPORTAGEM LOCAL

O painel de Natal que caiu ontem sobre o estacionamento do shopping Eldorado não tinha alvará de instalação, segundo o diretor do Contru (órgão de fiscalização de imóveis), Carlos Alberto Venturelli. Segundo ele, a estrutura pode ter caído por causa do vento forte. "Não havia sustentação suficiente para aguentar o impacto do vento", disse.
Venturelli apontou ainda falhas nas instalações elétricas do painel. "Não foi feito aterramento e os fios elétricos utilizados são inadequados", afirmou. Segundo ele, a Secretaria da Habitação não daria o alvará para o painel. "O shopping tem de cumprir a lei. É muita irresponsabilidade deixar um painel desta forma", disse.
O Contru interditou a área do estacionamento onde o painel caiu e ordenou a sua desmontagem. Outros dois painéis semelhantes, instalados na fachada da avenida Eusébio Matoso e na entrada principal do shopping, também foram interditados e devem ser retirados.
Segundo a administração do Eldorado, o shopping iniciaria ontem mesmo a retirar os painéis. O Eldorado não deverá ter mais decoração de Natal em sua fachada.
Venturelli disse que o Contru vinha fiscalizando painéis e decorações instalados nos shoppings havia um mês. Segundo ele, quando foi feita a última vistoria no Eldorado, o painel ainda não havia sido instalado. "Esses painéis são erguidos do dia para a noite. É impossível fiscalizar", disse.
Segundo ele, o Departamento Jurídico da prefeitura deve estudar as possíveis sanções e multas ao shopping e aos responsáveis pela instalação do painel. Os técnicos do Contru avaliaram o peso do painel em cerca de 20 toneladas. Na queda, um poste de luz com quase 12 metros de altura foi entortado com o peso do painel.
Desinformação
Os donos dos carros atingidos reclamaram da falta de informações sobre o eventual pagamento de indenizações. O estudante de arquitetura Marcos Seiler Paulo, 22, que teve seu Monza destruído pelo painel, tentava arrumar uma garantia do shopping de que o estrago em seu carro seria pago.
"A administração do shopping não me dá nenhuma informação", disse ele, que veio ontem mesmo de Campinas, onde estuda, com um grupo de colegas de faculdade para fazer um trabalho na USP e parou no shopping para almoçar.
"Estávamos saindo do shopping quando o painel caiu. Por pouco não nos pega no carro", disse.
A dentista Mituko Nakashima Funayama, 30, recebeu do shopping um papel escrito a mão e carimbado garantindo que a indenização seria paga. "Não sei se isso vale alguma coisa", disse.
Ela estava no shopping com a filha Simone, 8, fazendo compras. "Por sorte parei no McDonald's para comprar um sanduíche para ela. Senão, poderíamos estar dentro do carro na hora que o painel caiu", disse Funayama.

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