São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 1995 |
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"Não basta baixar a inflação"
CARLOS EDUARDO LVES
Francisco Oliveira - Não estou cético. Tenho a absoluta certeza de que o Fernando Henrique vai arrebentar o país. Folha - Quais os sinais que o sr. vê para fazer uma previsão tão pessimista? Oliveira - É só olhar, por exemplo, os números da Fiesp sobre a baixa constante no número de empregos. O governo vai conseguir o que acha uma brilhante condução econômica, e o país vai ser cada vez mais excludente e cheio de miseráveis. Folha - Então, a condução da política econômica está errada? Oliveira - O Brasil está entrando de rabeira no processo de globalização e de uma forma subordinada. Tenho certeza de que os miseráveis serão prejudicados mais uma vez. Folha - Baixar a inflação não é um ponto a favor do governo? Oliveira - Não basta baixar a inflação. Minha linha política e teórica é outra. Estou preocupado com o bem-estar social e não com os banqueiros. Quero um país com maior distribuição de renda, ao contrário do neoliberalismo. Folha - O sr. tem conversado com o presidente Fernando Henrique Cardoso? Oliveira - Não. Ele é um brilhante sociólogo e não pode acreditar nessa balela de que, consertando a economia, a desigualdade vai diminuir. Os Estados Unidos e a Inglaterra mantêm o mesmo nível de desigualdade há 50 anos. Folha - Como vê as declarações de Pelé sobre a necessidade de negro votar em negro? Oliveira - É de um oportunismo vagabundo, para dizer o mínimo. Ele tem 55 anos e só agora faz um pronunciamento pela raça dele. O país é racista e é lógico que precisa de uma expressão cada vez maior dos negros em todos os níveis, mas Pelé é um mero oportunista. No fundo, um ministério que tem Pelé e Sérgio Motta define qualquer governo. LEIA Mais sobre as declarações de Pelé à página 1-11 Texto Anterior: Amigo acha que FHC 'arrebenta' o país Próximo Texto: FHC planeja tomar banho de mar em AL Índice |
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