São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Arroz da CUT vira papa e irrita favelados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A doação de 1.700 quilos de arroz feita pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) do Distrito Federal aos manifestantes da "Passeata dos Excluídos", realizada terça-feira, provocou ontem protestos e indignação entre os moradores da "favela FHC".
Os catadores de papel que moram na favela, localizada a 250 metros da praça dos Três Poderes, reclamaram da qualidade do arroz e afirmaram que foram enganados pelos sindicalistas.
"O arroz tem gostinho de mofo. É velho e não dá para cozinhar", disse Gildete Rosa da Silva, 33, mãe de duas crianças. Ela participou da passeata organizada pela CUT esperando ganhar uma cesta básica de alimentos.
"Se eu soubesse que era este arroz, não tinha ido para a rua. Ganharia mais se ficasse catando papel", disse Gildete. Ela foi uma das moradoras que jogaram fora o arroz, porque "virou papa".
"Recebemos cinco quilos do arroz mais ruim que existe no Brasil", afirmou José Joaquim dos Santos, 36, também morador da "favela FHC".
O catador de papel José Artur da Silva, 33, disse que não vai participar da próxima passeata da CUT, no dia 25 de dezembro.
Para o presidente da CUT-DF, José Zunga, houve um "mal-entendido" quanto à distribuição de cestas aos participantes da manifestação. "Isso não foi prometido", disse.
Segundo Zunga, nem mesmo o arroz havia sido prometido aos catadores de papel.
Ele disse que o arroz foi doado pelo Sinpaf (Sindicato dos Servidores da Embrapa), que o comprou de cooperativas goianas ligadas à estatal.
Na embalagem de cinco quilos, constam o logotipo da "Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida" e a informação de que o produto faz parte do "Projeto Grãos", da Embrapa.

Texto Anterior: PDT quer união com PT no Rio e no RS
Próximo Texto: Sem verba, Suruagy diz que 'joga a toalha'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.