São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995
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Candidatos gays à PF poderão terminar curso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Por ser homossexuais, dois candidatos aprovados no concurso de escrivão da PF (Polícia Federal) foram suspensos do curso de formação profissional às vésperas de conseguirem o diploma. Por decisão da Justiça, eles vão poder assumir o cargo.
Os candidatos, de 30 e 29 anos, têm o nome protegido pela Justiça. Eles se negam a revelar suas identidades por temer a reação de suas famílias, que ignoram a homossexualidade de ambos.
Um mora em Recife e o outro em Fortaleza. Nunca tiveram qualquer envolvimento afetivo entre eles.
O caso foi parar na Justiça Federal. Anteontem, a juíza da 4ª Vara Federal, Selene Almeida, concedeu uma liminar autorizando os dois concursados a tomar posse no cargo.
Eles contrataram os advogados Ronald Mignone e José Miranda em Brasília, onde foi realizado o concurso.
A defesa entrou com um mandado de segurança contra o diretor da Academia Nacional de Polícia, Eliud Ferreira, sob a alegação de discriminação.
A oportunidade para expulsar os dois, segundo os candidatos, aconteceu na última fase do concurso em que era prevista uma espécie de "investigação" sobre a vida dos inscritos.
A PF descobriu que os candidatos eram homossexuais, frequentavam boates restritas ao grupo e tinham parceiros fixos.
Concurso não muda
Ontem, durante as comemorações dos 28 anos da PF, a assessora de imprensa, Viviane da Rosa, afirmou que a liminar da Justiça será cumprida. "Eles vão poder terminar o curso", disse.
Segundo Viviane, a PF vai manter as regras de seleção nos concursos. Uma das perguntas feitas ao candidato é se ele é homossexual.

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