São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 1995
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'O Judeu' vence Festival de Cinema de Brasília

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A história se repete por mais um ano: o Festival de Cinema de Brasília consegue ficar de bem com todos os participantes da mostra competitiva. O que se viu anteontem, na festa de encerramento da 28ª edição do Festival, foi uma farta distribuição de Troféus Candango, com cinco produções dividindo a maioria dos prêmios.
Também não faltaram as vaias. Desta vez, a unanimidade das divergências ficou com o filme "O Mandarim", de Julio Bressane, que ganhou quatro prêmios -contribuição à linguagem cinematográfica, ator (Fernando Eiras), fotografia e montagem.
Qualquer referência à obra que conta a história da Música Popular Brasileira a partir do músico Mário Reis irava a platéia.
Na ausência de Bressane, que está na Itália e vai à França acompanhando uma mostra que leva o seu nome, coube ao cineasta Ivan Cardoso Filho comprar a briga.
"Vocês, 'esquerdofrênicos', deixem de fazer censura estética", disse Cardoso ao receber o prêmio de contribuição à linguagem cinematográfica no lugar de Bressane.
Nem mesmo o ator Fernando Eiras, 38, que interpreta o músico Mário Reis e era considerado uma unanimidade como melhor ator do festival foi poupado quando recebeu o prêmio.
O filme preferido do público de Brasília foi "Felicidade é...", contado em quatro episódios. Pela atuação em um deles, "Sonho", a atriz Denise Fraga dividiu o prêmio de melhor atriz com Maitê Proença.
O júri oficial preferiu premiar a primeira produção cinematográfica luso-brasileira, "O Judeu" -que demorou 19 anos para ficar pronto, teve seis atores mortos nesse percurso, e conta a perseguição a judeus portugueses.
O diretor Jom Tob Azulay considerou o prêmio "uma consagração" após a sua primeira exibição pública e disse que quer inscrevê-lo nos festivais de Cuba, Cartagena (Colômbia), Tel Aviv (Israel) e Berlim (Alemanha).
Outro filme que ganhou vários Candangos foi "Dezesseis Zero Sessenta", de Vinícius Mainardi -prêmio especial do júri, melhor atriz (Maitê Proença), melhor atriz coadjuvante (Marcélia Cartaxo), e roteiro.
A festa, que começou com a exibição da cópia restaurada de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha, acabou sendo mesmo do ator José Lewgoy, 75 -completados coincidentemente anteontem.
Ele subiu três vezes ao palco: melhor ator de curta 35 mm em "Glaura", melhor ator coadjuvante em "O Judeu" e Candango especial pelos 50 anos de carreira.

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