São Paulo, sábado, 18 de novembro de 1995
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CNI e CUT criticam proposta que reduz jornada

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), senador Fernando Bezerra (PMDB-RN), criticou ontem a proposta do governo de reduzir a jornada de trabalho semanal de 44 horas como parte da negociação para a reforma da Previdência.
O secretário-geral da CUT (Central Única dos Trabalhadores), João Vaccari Neto, disse que concorda com a redução da jornada semanal, mas não à custa da eliminação dos direitos previdenciários dos trabalhadores.
Vaccari acha que os professores de primeiro grau devem continuar a ter aposentadoria especial: 25 anos de trabalho para as mulheres e 30 para os homens.
O governo propôs a redução da jornada em troca do fim dessa aposentadoria.
Segundo Bezerra, o governo deveria deixar a redução da jornada de trabalho para ser discutida nos acordos coletivos de trabalho entre empresários e trabalhadores.
"Não há necessidade de lei. Esse é um assunto para ser tratado a cada instante entre as duas partes interessadas, sem intermediários."
O presidente da CNI também se opõe à proposta de ampliação da licença-maternidade para cinco a seis meses, incluída na negociação da reforma previdenciária.
"É uma coisa absurda, burra. Eu, se fosse mulher, não queria."
Na opinião do empresário, a ampliação do prazo da licença apenas provocaria o aumento da discriminação contra as mulheres no momento da contratação.
Bezerra argumenta que a medida faria crescer os custos das empresas. "Tudo isso se reflete no bolso do consumidor."
O dirigente da CUT apóia a ampliação da licença, mas não em contrapartida à unificação de regras de aposentadoria para homens e mulheres, como propôs o governo. "A mulher deve ter o direito de se aposentar mais cedo por causa de sua dupla ou tripla jornada de trabalho", disse.

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