São Paulo, sábado, 18 de novembro de 1995
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Diretor culpa excesso de demanda

DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor do Hospital do Campo Limpo, Márcio Joel Estevam, 39, diz que o maior problema do estabelecimento é o excesso de demanda.
"Além de atendermos uma população de 880 mil habitantes das regiões de Campo Limpo e M'Boi Mirim, recebemos pacientes de outros municípios, como Taboão da Serra, Itapecerica da Serra e Embu", afirma.
Segundo Estevam, 30% da demanda do hospital vem desses três municípios, "cuja referência é direta para o HC".
O diretor do hospital diz que o PS Campo Limpo tem pacientes em macas pelos corredores "porque não se recusa a atender ninguém".
"Sempre tem vaga para um paciente. As pessoas sabem disso e mesmo quem é de outra região vem para cá", afirma.
Estevam reconhece que há déficit de leitos e médicos no hospital. Segundo ele, o Conselho Federal de Medicina estabelece que uma equipe mínima de atendimento em um PS deve ter obrigatoriamente cirurgião, ortopedista, pediatra, clínico-geral e anestesista.
O número mínimo desses especialistas no hospital é definido, segundo Estevam, pelo diretor. No caso de Campo Limpo, diz ele, a situação é mais grave entre clínicos-gerais (há 18, contra 28 necessários) e ortopedistas (9 contra 14).
Para Estevam, com o déficit de médicos, quem está trabalhando fica sobrecarregado.
Ele diz que há dois meses fez "um remanejamento para equalizar as equipes e garantir o atendimento básico". O diretor diz que mudanças em escalas de trabalho provocam descontentamento entre os médicos.
Mas ele afirma que quem não cumprir as determinações da direção do hospital pode sofrer sanções administrativas.
Para Estevam, contratações de emergência não resolvem. "É um tapa-buraco. Ao ser contratado em regime de emergência, o médico sabe que em seis meses estará fora e não cria o vínculo necessário."
O diretor diz que a dificuldade para fazer uma contratação de emergência atrapalha. "Para cumprir os procedimentos legais, leva no mínimo 30 dias."
Estevam afirma que espera as diretrizes do novo secretário de Saúde, Roberto Paulo Richter, para estudar outras medidas para melhorar o atendimento.
O diretor negou que a prefeitura esteja apostando no caos nos hospitais. "O caos é uma faca de dois gumes porque piora a situação de quem vai trabalhar na cooperativa do PAS."

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