São Paulo, domingo, 19 de novembro de 1995
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Poder malha para cortar gordura e ficar enxuto

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula do governo está de dieta. Satisfeitos ou não com suas formas físicas, os ministros e o presidente assumem o lado diet do poder de diferentes maneiras. Ignorar o próprio corpo, jamais.
Enxugar os excessos, queimar gorduras e alcançar (ou manter) a boa forma importa tanto para os ministros "safenados" como para os "relaxados", que não fazem disso uma prioridade.
Em compensação, a trupe dos "preocupados" aderiu à ginástica, natação ou anda quilômetros de bicicleta para compensar os excessos gastronômicos.
Eméritos gourmets, os ministros Paulo Renato Souza (Educação), 50, e Sérgio Motta (Comunicações), 54, tiveram infarto neste ano. Juntos têm cinco pontes de safena e mamárias implantadas.
Ambos devem obedecer a uma dieta rigorosa. Nada de gordura, bebida alcoólica ou doces em demasia. As proibições são o calvário dos ministros.
Na semana passada, foram juntos a um churrasco e tiveram de se contentar com linguiças de frango e carnes magras. "Uma pena. Às vezes, sonho com picanhas", disse Paulo Renato à Folha.
Por recomendação médica, ele começou a caminhar diariamente. Anda cerca de três quilômetros pela manhã. Motta também deveria se exercitar. Por enquanto, ainda ensaia passeios matinais ao lado da mulher, Vilma.
Cerca de 15 kg acima do peso ideal, o ministro Nelson Jobim (Justiça), 49, vai começar um regime nas próximas semanas. "Não sei quando exatamente, mas vou."
Atualmente, a atividade física de Jobim se resume a caminhar por meia hora duas vezes por semana. Restrição alimentar? "Nenhuma", afirma.
Às 8h, o presidente Fernando Henrique Cardoso faz hidroterapia na piscina do Palácio da Alvorada. Três vezes por semana, sob sol ou chuva, um instrutor particular do Hospital Sarah Kubitschek orienta seus mergulhos e braçadas.
O exercício é para tratar o problema de coluna, mas funciona também para manter os 79 kg de FHC, inalterados há nove meses.
O presidente é "bom de garfo". "Ele come tudo e não engorda um quilo. Dá até raiva", disse o ministro Gustavo Krause (Meio Ambiente), 49, glutão por natureza. Para compensar, aderiu à prática da ginástica aeróbica há dez anos.
"Já fui a um spa nove vezes. Quase sempre para relaxar. Me preocupo em malhar diariamente porque sou dado a algumas perdições como bolo de rolo (um tipo de rocambole) e pudim de leite condensado", disse.
Atletas ocasionais, o ministro Luiz Carlos Bresser Pereira (Administração), 61, e o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, 51, se esforçam para manter a forma.
Em Brasília, Bresser acorda às 7h para nadar 800 metros na piscina da Academia de Tênis, onde mora. "Já me acostumei a nadar. Nunca tive necessidade de fazer regime."
Amaral prefere pedalar. "Sempre que vou a Pirenópolis (GO), onde tenho uma casa, levo a bicicleta. Faço 'mountain bike' em trilhas no meio do mato", disse.
Satisfeito com seu corpo, o ministro da Saúde, Adib Jatene, 66, almoça todos os dias no bandejão do ministério. No prato, muita salada, carne, arroz e feijão.
José Serra (Planejamento), 53, se considera em boa forma. Seu problema não é tanto com o peso, mas com as fragilidades de seu estômago. "Não é tudo o que ele come", disse sua mulher, Mônica.
José Eduardo de Andrade Vieira (Agricultura), 56, comprou uma série de aparelhos de ginástica, que utiliza eventualmente.
Na opinião de três mulheres de ministros, a vida de "intelectual" é feita de sacrifícios. Físicos. Vilma Motta, Mônica Serra e Edméia Jobim justificaram a pouca "malhação" dos maridos dizendo que eles têm intensa atividade cerebral.
"Intelectual fica mais sentado. Ele sempre foi dos livros, nunca teve muito tempo livre para os esportes", resumiu Edméia Jobim.

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