São Paulo, domingo, 19 de novembro de 1995
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Saiba como vive a comunidade judaica de NY

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

A região metropolitana de Nova York reúne um terço dos 6 milhões de judeus que vivem nos Estados Unidos. Isso faz com que a cidade seja a maior capital judaica fora de Israel.
Em Manhattan (ilha mais importante da cidade), os judeus se espalharam por várias regiões.
A maior concentração, entretanto, fica no "upper west side" (parte noroeste da ilha). Sobretudo na região da West End Avenue.
Já os judeus ortodoxos moram quase todos numa parte do Brooklyn (subúrbio de Nova York) conhecida como Crown Heights.
Foi no Brooklyn, por exemplo, que surgiu o judeu radical Baruch Goldstein, que matou 29 muçulmanos em uma mesquita em Hebron, na Cisjordânia ocupada por Israel, em fevereiro de 1994.
É no Brooklyn que estão situadas as maiores sinagogas e os pequenos negócios (minimercados, restaurantes, lavanderias e armarinhos) mantidos pelos judeus.
Os judeus ortodoxos controlam quase todo o comércio de jóias de Nova York -sobretudo o de diamantes.
As joalherias ficam uma ao lado das outras no lado oeste da rua 47, em Manhattan.
Lá, é difícil encontrar algum homem no balcão que não esteja usando o chapéu e o paletó preto característicos dos judeus ortodoxos. As mulheres sempre estão usando saias longas e as meninas, vestidos.
Ao contrário de outras regiões de Manhattan, onde as lojas abrem durante os sete dias da semana, o comércio na rua 47 fica praticamente vazio nas tardes de sextas-feiras e aos sábados, para respeitar o sabá judaico.
As grandes sinagogas também operam escolas, creches e centros de recreação.
A Shaare Zion, por exemplo, é uma das maiores do Brooklyn: possui 3.000 membros, a maioria de origem síria.
A sinagoga tem um complexo de escolas, além de centro social. Tudo em Crown Heights.
Desde o assassinato do primeiro-ministro Yitzhak Rabin, a segurança na sinagoga e nas escolas foi reforçada devido a ameaças de bomba recebidas em protesto ao discurso do rabino Abraham Hecht, membro da Shaare Zion, e que defendeu a morte do premiê israelense.
Em Manhattan, os ortodoxos são representados pela Organização de Defesa Judaica, entidade que também se opõe às negociações de paz entre israelenses e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Apesar da oposição à entrega de territórios aos palestinos, conduzida por Rabin, os líderes da organização fizeram questão de expressar publicamente o repúdio pelo assassinato do premiê.
"Fazemos oposição ao processo de paz, mas Rabin sempre foi considerado um homem admirável, e lamentamos profundamente sua morte", afirma comunicado do grupo, distribuído à imprensa na semana passada.
Para os membros da organização judaica, qualquer grupo cujos interesses entrem em choque com os da comunidade judaica deve ser combatido.
"Mas só com palavras. Repudiamos o uso de armas e jamais incentivaremos qualquer ato de violência", afirmou à Folha \mordechai Levy, o diretor do grupo.
Hoje, por exemplo, os membros da Organização de Defesa Judaica fazem passeata na West End Avenue contra o líder negro Louis Farrakhan, organizador da Marcha de 1 Milhão de Homens acusado de racismo contra os judeus.
(DF)

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