São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995
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Levada do charme faz arrastão na Vila

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, na levada do funk, do charme, as testemunhas do don Giovanni (o mito de toda uma época, se é que você me entende, meu bem) fizeram o seu arrastão em cima do Corinthians, no Crepúsculo de Cubatão.
Enquanto o alvinegro do Parque São Jorge não decidir se quer o Vítor ou a vitória (por sinal, a Julie Andrews volta a arrasar na Broadway), o alvinegro da assim chamada vila mais famosa do mundo (que Noel Rosa nos perdoe para sempre, mas a Vila Belmiro só quer provar que faz funk também) mostrou com quanto gols se faz um belo triunfo. Três.

Bota é fogo, o resto é cinza.

Tá certo que, como Deus, don Giovanni é mais. Mas o Jamelli, aquele que o Ben Jor quer no Mengo, também está no meu panteão de super-heróis.

Por um momento, cheguei a suspeitar que o Cabralzinho, o descobridor dos sete mares, não ficaria bem à vontade e não aproveitaria a superioridade numérica de jogadores para enfiar o pé na tábua do ataque nas curvas da estrada do Santos.
Até o momento em que ele viu a luz azul que lhe guia: já que Minas não tem mar, Camanducaia veio até Santos.

Desculpe, Eduardo Amorim, mas acho que a carteira do Clóvis está sendo batida fácil demais pelos lanceiros das praças defensivas adversárias.
Não sei se o futebol moderno tem espaço para atacantes como o Clóvis, pesados, de pouca mobilidade e habilidade.

Com o Santos congestionando o meio-campo, o jogo estava mais para o deus dos trovões, Tupã (além disso, era dia de chove chuva, némesmo?).

O Grêmio faz tudo certo. Embarca com uma semana de antecedência, para se ajustar ao brutal fuso horário e ao clima.
A decisão do mundial de clubes, este ano, também será mais cedo, em novembro. Favorece o Grêmio, pois a temperatura não deverá estar tão baixa.

O melhor do centenário do Flamengo? A Elza Soares cantando "uma vez Flamengo, Flamengo até morrer..."

O princípio da realidade baixou sobre o princípio do prazer no time do Atlético de Madrid. A invencibilidade, até a rodada do domingo passado, era muita areia para o seu (dele) caminhãozinho.
Já o vencedor Real Madrid também não anda dando aquele olé todo, não.

Alô, alô Minas, pode estar pintando uma final mineira. Alô, alô Rio, pode estar pintando uma final carioca. Como os perfeitos cariocas são mineiros...

Milan e Parma fizeram um jogo tático. Preocupação zero com o espetáculo. Show apenas na aplicação da marcação e da ocupação de espaços.

O Palmeiras não tem calcanhar de Aquiles. Tem calcanhares ébanos de saltos altíssimos do futebol.

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