São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 1995
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Com a palavra, FHC

O escândalo do tráfico de influência no mais íntimo círculo de poder da Presidência da República coloca o governo na mais delicada situação política de sua existência.
Ninguém é ingênuo a ponto de acreditar que um governo possa resistir incólume às centenas de pressões que vêm de todos os lados. Mesmo os limites entre a ação legítima e a ímproba de um lobista em relação a alguma autoridade pública são sempre obscuros e pouco bem definidos.
No caso específico do Sivam, contudo, parece mais do que evidente que todas as regras da boa administração do dinheiro público foram quebradas, e já desde o início do processo, que incluiu casos de propina internacional, espionagem, falsificação de documentos e sabe-se lá o que mais.
O afastamento do ministro e do embaixador eram um imperativo, mas não se pode deixar que as coisas acabem por aí. Uma investigação completa do Sivam em todas as suas fases e a definição técnica -e não apenas política- sobre a real necessidade do projeto e de sua dimensão, que, afinal, deve custar nada módicos US$ 1,4 bilhão, são o mínimo que a opinião pública exige. É até o caso de se pensar na instalação de uma CPI do Sivam.
Esse megaprojeto para monitorar o espaço aéreo amazônico está envolto em tantas sombras e tantas suspeitas de ilegalidade que a sua manutenção sem a devida apuração representaria um insulto à nação. O presidente Fernando Henrique Cardoso tem ao menos agora a chance de mostrar se é ou não o homem que vai mudar a forma de fazer política no país. Com a palavra, o presidente da República.

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