São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 1995
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Fellini muda rumo do cinema com '8 1/2'

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

O nome Fellini não está acoplado ao "8 1/2 do título original deste filme. Com o tempo é que o nome do diretor italiano passou a se agregar ao de quase todos os filmes que fazia, e passamos a chamá-lo de "Fellini 8 1/2" (CNT/Gazeta, 20h).
Com isso, o mistério do título original se esvazia. O intratável número quebrado é absorvido pela familiaridade com que se passou a reconhecer o estilo do diretor.
"8 1/2' tem um lugar na história do modernismo no cinema. Em parte, por operar uma transformação na maneira de fazer filmes e de se relacionar com ele. Em parte, por iniciar uma degeneração perigosa da idéia de autor.
Ainda que não voluntariamente, "Fellini 8 1/2" é o filme que abre caminho a todas as "egotrips que vieram a seguir e que contribuíram para ampliar a idéia de cinema de autor até o ponto de ela se transformar numa pequena monstruosidade.
É um mal de que não sofre o "Chinatown", de Roman Polanski (Globo, 0h). Ao contrário de tantos outros cineastas europeus, Polanski optou pelo narrativismo.
Privilegiou a "diversão" e o "profissionalismo" do cinema. Há um pouco de marketing nisso tudo, mas "Chinatown" é uma das melhores ilustrações desse parti pris: diverte, é profissional e faz com elegância a ponte entre o filme noir clássico e os anos 70.
(IA)

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