São Paulo, quinta-feira, 23 de novembro de 1995
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Críticos têm espírito de corvo e buscam carniça, diz FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso acusou ontem os críticos ao projeto Sivam de ter "espírito de corvo" e de querer apenas "ver podridão em tudo".
As críticas foram feitas durante solenidade em comemoração aos 50 anos do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), no edifício-sede do órgão. Na saída, FHC não quis identificar quem seriam os corvos.
"É apenas um poema de (Edgar) Allan-Poe", disse o presidente (leia texto nesta página). Entre os que criticaram o Sivam nos últimos dias estão os senadores Gilberto Miranda (PMDB-AM) -que propôs a anulação do contrato do Sivam- e Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), para quem o Sivam "já morreu".
FHC falava sobre a necessidade de o servidor público ser honesto, ter virtudes e não participar de "conluios que não beneficiam a população" e ter discernimento para gerir a coisa pública.
"Vamos verificar, fiscalizar, cobrar, exigir. É uma nova mentalidade que está criada no Brasil. (...) Vamos evitar que este espírito de corvo volte a pousar no país, de ver podridão em tudo", disse o presidente. Em seguida, fez um desafio para que se provem irregularidades no Sivam.
"Ainda ontem disse aos senadores que me digam uma irregularidade no Sivam, que eu o retiro. Ninguém até hoje foi capaz de dizer uma, uma só, e, quando disseram -e era verdadeira-, eu não assinei o contrato e tirei a Esca", afirmou FHC.
FHC disse que, até agora, não há qualquer irregularidade. "Há vontade de dar para trás. Há vontade de sentir cheiro de carniça. Essa carniça exala da própria consciência malsã dos que não percebem que há gente com espírito público", afirmou o presidente.
FHC disse que vai manter o atual projeto -em oposição ao parecer de Miranda, que pediu a anulação do contrato com a empresa norte-americana Raytheon. "Não podemos voltar para trás. Não dá mais. O país é outro", afirmou.
O presidente aproveitou para sair indiretamente em defesa do ex-ministro Mauro Gandra e do próprio Ministério da Aeronáutica, executor do Sivam: "A Aeronáutica brasileira está, acima de tudo, servindo ao país".
Durante a cerimônia dos 50 anos do DNER, foi assinado o quarto contrato de concessão de rodovias para a iniciativa privada. Um consórcio liderado pela OAS vai administrar o trecho Rio-Teresópolis da BR-116.

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