São Paulo, quinta-feira, 23 de novembro de 1995 |
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Bienal de Música homenageia Koellreutter
FERNANDA DA ESCÓSSIA
Quando: de hoje a 30 de novembro. Horários variados Local: Teatro Municipal (praça Floriano, s/n, tel. 021/297-4411), Teatro Carlos Gomes (praça Tiradentes, 19, tel. 021/242-7091) e sala Cecília Meireles (largo da Lapa, 47, tel. 021/224-3913) Informações: 021/297-6116 Ingressos: R$ 1,00 A 11ª Bienal de Música Brasileira Contemporânea começa hoje no Rio com concertos de música por R$ 1,00 e uma homenagem ao professor de várias gerações de músicos brasileiros: o maestro Hans-Joachim Koellreutter, 80. Mais de 90 compositores e 500 intérpretes vão se apresentar em três pontos do centro do Rio: o Teatro Municipal, o Teatro Carlos Gomes e a sala Cecília Meireles. Alemão naturalizado brasileiro, Koellreutter chegou ao Brasil em 1937, fugindo do nazismo. Começou a dar aulas e logo iniciou o movimento Música Viva, propondo uma ruptura com o tradicionalismo do meio musical. Uma das inovações européias que mostrou a seus alunos foi o dodecafonismo -a transformação das sete notas básicas e cinco secundárias em doze notas hierarquicamente equivalentes. "Na Alemanha nazista, o dodecafonismo era banido, considerado uma espécie de comunismo na música. Koellreutter fugiu em nome da liberdade política e artística", diz seu ex-aluno e hoje coordenador da Bienal, maestro Edino Krieger. Também foram alunos de Koellreutter os maestros Guerra Peixe e Júlio Medaglia e, na música popular, o compositor Tom Jobim e o clarinetista Paulo Moura. "Eu dizia aos meus alunos que era preciso incluir o ser humano na teoria musical. A música deve refletir os problemas de seu tempo", diz Koellreutter. Ele considera a música brasileira privilegiada pelo entrelaçamento do popular com os clássicos. "Adoro o Brasil", afirma Koellreutter, que até hoje dá aulas. Koellreutter receberá da Funarte e do Ministério da Cultura, organizadores da Bienal, um prêmio de R$ 9 mil. Durante o evento, lançará o CD "Koellreutter 80 anos". Sua mais recente composição, "Pantha rei", será executada hoje na sala Cecília Meireles. A peça foi composta para vibrafone -uma espécie de xilofone eletrônico- e será apresentada por André Juarez, discípulo do maestro. Também serão premiados com R$ 9 mil a pianista Eudóxia de Barros, a musicóloga Cleofe de Mattos, o regente Mário Tavares e o compositor Almeida Prado. A bienal, organizada pela Funarte, é um dos mais importantes eventos de música brasileira. Apresenta trabalhos recentes e tendências de composição. Entre as atrações, estão as orquestras do Teatro Municipal, da Universidade Federal Fluminense e a Sinfônica Brasileira. A bienal vai até 30 de novembro. No dia 27, começa na Funarte um seminário paralelo sobre estética musical, mercado e a produção nacional de música clássica, o uso de meios tecnológicos e a relação entre músicos e instituições. Texto Anterior: Evento acontece no Tuca Próximo Texto: Palestra aborda música e feminismo Índice |
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