São Paulo, quinta-feira, 23 de novembro de 1995 |
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Desbravadores arrancaram riquezas
REGINA TEIXEIRA
Há 10 mil anos, os nativos americanos fixaram-se à beira do lago Manly. Depois vieram os índios shoshones, que não suportaram o sol castigador e partiram em direção a montanhas geladas. O nome do local tem sua autoria atribuída aos visitantes ingleses, que ali chegaram no final do século passado e enfrentaram toda a sorte de necessidades. Mesmo assim, muitos retornaram em busca de ouro, prata, chumbo e cobre. Em 1880, Aaron e Rosie Winters descobriram uma nova fonte de riqueza, o bórax, chamado de "ouro branco do deserto". Toneladas de minério eram retiradas das minas e embarcadas em carroças puxadas por mulas, que ainda tinham de arrastar várias pipas de água para que homens e animais chegassem vivos ao seu destino após duas semanas. A saga das diligências é lembrada num encontro anual, que percorre o deserto em carroças exatamente iguais às da época, exceto pelos pneus, de borracha. Por volta de 1920, aventureiros de todas as partes do mundo começaram a visitar o vale da Morte por uma outra razão: testemunhar a imponência de um dos lugares mais misteriosos do planeta. O vale é uma terra de contrastes. Montanhas de picos nevados, dunas, oásis, crateras vulcânicas, planícies, cânions e extensas áreas cobertas por camadas de puro sal revezam-se na paisagem. Vários pontos turísticos merecem destaque, alguns com nomes tão ou mais assustadores que o do vale, como Coffin e Funeral peak (picos do Caixão e do Funeral, respectivamente), Devils Golf Course (Campo de Golfe do Diabo) e Badwater (Água Ruim) -planície coberta de sal, com algumas poças d'água, que fica a 86 metros abaixo do nível do mar. O verde oásis central, Furnace Creek (riacho da Fornalha), abriga a maior infra-estrutura da região, com hotéis, campings, restaurantes, telefônica e supermercado. Lá ficam o centro de visitantes e os museus do vale da Morte e do Bórax, onde são exibidos objetos e fotos dos pioneiros. Perto dali está Zabriskie Point, trecho que ganhou fama depois que Michelangelo Antonioni resolveu usar o local como cenário de seu filme homônimo. Outra atração é a Natural Bridge Canyon, ponte de pedra formada há milênios, quando ainda havia rios na região. A verdade é que o Vale da Morte esconde testemunhos de uma natureza furiosa, capaz de elevar sua temperatura e pressão para fundir rochas, esparramar o magma e esculpir uma nova obra. Como Red Wall Canyon, Red Cathedral e Golden Canyon, monumentos naturais que denunciam no nome as cores do deserto. (RT) Texto Anterior: Tempo e o vento forjaram vale da Morte Próximo Texto: Serviços dispensam esforços Índice |
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