São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
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Exposição não tira dúvidas técnicas

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Esta é uma palestra eminentemente técnica", precisou repetir diversas vezes o superintendente em São Paulo da Comissão de Coordenação do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), o engenheiro e brigadeiro da reserva Guido de Resende Sousa.
Mas ele e vários de seus colegas engenheiros não escaparam de questionamentos sobre a importância política, o valor operacional, e mesmo sobre alguns detalhes técnicos inesperadamente polêmicos, por parte da platéia de uma palestra ontem no Congresso Nacional de Informática Pública em São Paulo.
"É preciso deixar claro que o Sivam é um sistema, não um órgão", disse Resende Sousa. Ou seja, ele cuida de três coisas: de adquirir informações, de transmiti-las por um subsistema de telecomunicações e do tratamento e da visualização desses dados.
Usar todas essas informações cabe ao governo, por meio de seus órgãos nos 5,2 milhões quilômetros quadrados da Amazônia -hoje representados em cerca de mil pontos distintos, desde um centro de pesquisa a um posto em uma aldeia indígena. Aqui surgem os problemas -políticos, operacionais e técnicos.
O pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Fuad Gattaz Sobrinho citou suas dúvidas sobre o software do Sivam (que está a cargo do pessoal que era da empresa Esca, agora contratado pelos governo).
Gattaz tem problemas parecidos e ele e colegas há dois anos quebram a cabeça para chegar a respostas -que o pessoal do Sivam mostrou que ainda também não tem.
Uma questão, fundamental para o programa de vigilância, é como integrar a variedade de dados distintos obtidos pelos sensores muito diferentes entre si do Sivam (radares, plataformas de coleta de dados meteorológicos, satélites etc). São dados de imagem, número, texto, softwares variados. Há ainda uma possível interoperabilidade entre os órgãos a considerar.
"Não há panacéia", respondeu o engenheiro Raul Jorge Silva, sobre o problema básico de misturar laranjas com maçãs e chegar a uma vitamina que todos possam beber. Entre os pontos que ele espera serão resolvidos logo, dentro dos sete anos de instalação do sistema, está a integração entre imagens de fontes diversas -satélites como o europeu Spot ou os americanos Landsat e NOAA.

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