São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
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Projeto que anistia petroleiros ganha apoio político

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os partidos que apóiam o governo na Câmara dos Deputados querem aprovar o projeto de lei que anistia os petroleiros demitidos nas greves de 1994 e 1995.
O texto foi aprovado por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça do Senado na quarta-feira e deve ser encaminhado diretamente para a Câmara, sem passar por votação dos senadores no plenário -ele foi aprovado em caráter terminativo.
Para se transformar em lei, o projeto ainda precisa ser aprovado pela Câmara e sancionado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
O projeto vai anistiar 85 trabalhadores -12 que participaram de paralisações no final do ano passado em Minas Gerais e Bahia e 73 da greve de maio desse ano.
Na última paralisação, considerada abusiva pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho), os petroleiros bancaram a maior greve da categoria, 31 dias, para tentar barrar a aprovação da quebra do monopólio da Petrobrás na exploração do petróleo. Reivindicaram também reajuste de 12% a 18% das faixas salariais, aumento já acordado no governo Itamar Franco.
A Petrobrás se negou a negociar a reintegração dos demitidos em troca do fim da greve. No Congresso, deputados e senadores de todos os partidos assinaram um documento pedindo ao governo a reabertura das discussões com os petroleiros, revisão das demissões. A greve acabou no dia 2 de junho e as punições foram mantidas.
O projeto de lei irá para a mesa da Câmara na quinta-feira, caso nenhum senador apresente um requerimento que exija votação no plenário do Senado. O autor do projeto, senador José Eduardo Dutra (PT-SE), disse que apelou aos senadores para que permitiam a aprovação urgente do texto, agilizando seus efeitos.
O líder do governo no Senado, senador Élcio Álvares (PFL-ES), disse que não haverá problemas por parte da liderança do governo.
Dois importantes partidos na Câmara, e que dão sustentação ao governo, já são favoráveis à anistia. O líder do PSDB, deputado José Aníbal (SP), disse que não haverá obstáculos para aprovação do projeto.
O líder do PMDB, deputado Michel Temer (SP), também apóia a anistia dos grevistas. "Acho que não haverá oposição ao texto."
A CCJ do Senado aprovou também a anistia à multa fixada pelo TST por causa do descumprimento da decisão do tribunal de retorno imediato ao trabalho.
Ao julgar a greve abusiva, o TST determinou a cobrança de R$ 100 mil por dia para cada sindicato que não determinasse a volta ao trabalho. Os petroleiros descumpriram a decisão e continuaram em greve. A dívida dos sindicatos é de R$ 35,7 milhões.
O presidente do TST, ministro José Ajuricaba da Costa e Silva, disse que o projeto é inoportuno porque anula a decisão da Justiça do Trabalho. "Se o projeto for convertido em lei será uma consequência danosa à aplicação de multas pelo tribunal".

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