São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
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Venda do Econômico sai até dezembro

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central acredita que a venda do Banco Econômico, antes improvável, possa ser anunciada até meados de dezembro. No momento, dois bancos estão à frente das negociações para adquirir o banco baiano, sob intervenção federal desde agosto.
Segundo informações do BC e do mercado financeiro, o Banco Excel é um dos dois postulantes. O outro prefere manter seu nome sob sigilo, mas é sabido que trata-se de uma instituição nacional.
A Folha apurou que o Excel é, na verdade, um representante de outro banco, estrangeiro, interessado na compra do Econômico. De médio porte, o brasileiro Excel não teria condições de arcar sozinho com o negócio -o Econômico, antes da intervenção, era um dos dez maiores bancos do país.
Também o outro banco brasileiro adiantado nas negociações para a compra do Econômico representa instituição estrangeira. No mercado, aponta-se o Crédit Agricole, da França, entre os mais interessados no negócio.
No BC se descarta a possibilidade de o Bamerindus vir a se envolver nas negociações para a compra do Econômico. O banco controlado pelo ministro da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira, não está entre os nove interessados catalogados pelo BC.
O raciocínio: como a venda do banco baiano será amparada com dinheiro público, o benefício a um banco pertencente a ministro e aliado de primeira hora do presidente Fernando Henrique Cardoso criaria enorme constrangimento político.
Outro possível comprador do Econômico, o banco Bozanno, Simonsen, ainda está em fase inicial de entendimentos com o BC. O banco, que estuda a transação em conjunto com o Opportunity, até agora apenas encaminhou ao BC um questionário com 19 itens.
O ponto mais delicado nas negociações é, obviamente, quanto custará o negócio para os cofres do BC -a venda do Econômico acontecerá de acordo com as regras da MP (medida provisória) que concede benefícios fiscais e empréstimos privilegiados a fusões e incorporações bancárias.
A dívida do Econômico com o BC é de R$ 3,5 bilhões. O governo assumiria esse rombo se tivesse que liquidar o banco. Portanto, procura-se uma operação que custe abaixo disso para os contribuintes.
Pela proposta mais recente do BC, o comprador pagaria ao BC R$ 1,6 bilhão pelo banco -é a parte do rombo que não pode ser coberta pelas garantias oferecidas pelo Econômico ao tomar empréstimos do BC. Segundo os negociadores, o Excel aceitaria tal condição.
Mas é claro que o negócio não pára aí. Em seguida o BC financiaria a capitalização do banco a juros baixos. Além disso, o comprador abateria do Imposto de Renda os créditos ruins do Econômico, algo pouco abaixo de R$ 2 bilhões.

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