São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
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Show de Elton John é para ouvir sentado

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU

O show do inglês Elton John é um prato cheio para quem gosta das músicas do cantor e um desapontamento para quem vai a estádios atrás de grandes espetáculos.
Na apresentação de mais de duas horas que fez na última segunda-feira em Montevidéu, no Uruguai, Elton John agradou e atormentou muitos fãs e curiosos dos dois tipos.
A começar pelo palco -com poucas luzes, efeitos ou recursos pirotécnicos-, o show em Montevidéu resumiu-se às músicas, 25 no total, e a um misto de curiosidade e nostalgia em ver o cantor, que já tem uma carreira de mais de 26 anos.
Na platéia, cerca de 15 mil uruguaios bem-comportados, vários de gravata e acompanhados dos filhos menores, ficaram o tempo todo sentados. Ouviram muito e viram pouco, quase nada.
Elton John estava em sintonia com seu público e permaneceu sentado a maior parte do tempo ao piano, em um canto do palco.
Caminhou duas vezes de um lado para o outro e levantou-se umas seis, com pequenos pulinhos, para fazer gestos esquisitos com os punhos e as mãos, fechadas.
Antes do inglês entrar, a cantora Sheryl Crow tocou e cantou por 45 minutos em seu estilo "folk-rock". Bonita e sorridente, agradou o público que ainda chegava ao estádio, especialmente no final, com o baladão "All I wanna do (is to have some fun).
Meia hora depois, Elton John entrou vestido de vermelho da cabeça aos pés e parecendo mais roliço do que o habitual dentro das roupas.
Abriu rápido e forte com "I'm still Standind" e "I Guess That's Why They Call It The Blues".
Antes da terceira música, os uruguaios que estavam no gramado, sentados em cadeiras de plástico soltas do chão, avançaram para mais perto. O show esquentou.
Pequenos grupos acendiam isqueiros, levantavam ou puxavam palmas. Mas a maioria ficou sentada, olhando.
Econômico na performance, o cantor caprichou na voz e no piano, apesar do repertório desigual escolhido para o espetáculo.
Misturou a romântica "Can You Fell The Love Tonight", do filme "O Rei Leão" (que lhe rendeu um Oscar), com as mais pesadas "Honky Cat" e "Pinball Wizard" (da ópera-rock "Tommy", do The Who).
Guitarristas, baterista e percussionista esmeraram-se em seus solos e trouxeram um pouco mais de movimento para o palco a partir da metade do show.
Mas o público permanecia sentado. Levantou-se apenas quando teve vontade, no final, para pedir o bis, que foi duplo, com três músicas, "Funeral For a Friend", "Your Song" e "Candle In The Wind".

O jornalista FERNANDO CANZIAN viajou a Montevidéu a convite da Polygram.

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