São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 1995
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Radicais matariam Peres, diz a polícia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um dos suspeitos de envolvimento no complô para matar o premiê de Israel Yitzhak Rabin admitiu ontem ter participado da conspiração, disse o investigador de polícia Arieh Silberman.
Dror Adani, segundo o policial, confessou que o novo primeiro-ministro de Israel, Shimon Peres, era o próximo alvo do grupo.
Silberman leu para os juízes de um tribunal de Tel Aviv a confissão de Adani depois de audiência em que foram ouvidos o próprio Adani e Hagai Amir, irmão de Yigal Amir, assassino confesso de Rabin.
"Foi perguntado a ele (Adani): 'Era sua intenção matar Rabin e Peres e assim abortar o processo de paz?"', disse Silberman, lendo documento assinado por Adani.
"Sua resposta foi: 'Ambos foram definidos como assassinos e, por isso, deveriam morrer. Mas não foi decidido quem seria o primeiro. Se as coisas tivessem sido mais fáceis com Rabin, o próximo seria Peres'."
Estão presas oito pessoas por suspeita de tramar contra Rabin. O estudante Yigal Amir, 25, insiste em afirmar que agiu sozinho.
O líder palestino Iasser Arafat disse a jornalistas estrangeiros que extremistas judeus e palestinos formaram uma aliança para acabar com o processo de paz. E que ela estaria por trás da morte de Rabin.
"Tenho evidências de que existe colaboração entre os radicais de ambos os lados", disse Arafat ao jornal argentino "Página/12".
Segundo Arafat, terroristas palestinos presos pela polícia palestina "confessaram a colaboração com os radicais judeus".
"Quando comentei com os israelenses, eles não me levaram a sério", afirmou ao jornal.
A polícia de Israel completou ontem sua retirada da cidade de Nablus, na Cisjordânia, como prevê o acordo de paz firmado entre israelenses e palestinos.
Mas soldados do Exército israelense ainda estão na cidade, que tem 230 mil árabes. Os palestinos devem assumir o controle total da cidade em 16 de dezembro.
Ontem, a Síria disse que Israel deve passar "das palavras às ações", referindo-se às afirmações feitas por Shimon Peres no Parlamento sobre a retomada das negociações de paz entre os dois países.
"Peres deve ir mais além e anunciar a disposição de seu governo em retirar suas tropas de todos os territórios ocupados durante a guerra de 1967", afirmou o jornal sírio "Al Baaz", do governo.
As negociações estão suspensas desde o início deste ano.

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