São Paulo, sábado, 25 de novembro de 1995
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Morre cineasta francês Louis Malle

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O cineasta francês Louis Malle, diretor de "Adeus Meninos", morreu na noite de anteontem em sua residência em Beverlly Hills (Califórnia), vítima de um linfoma (câncer nos gânglios linfáticos). Estava hospitalizado desde julho.
A notícia foi divulgada ontem por Pat Kingsley, sua agente. Malle estava com 63 anos de idade e vivia com sua mulher, a atriz Candice Bergen. Seu corpo deveria seguir ontem mesmo para a França, onde será enterrado. O casal tinha uma filha de oito anos, Chloe. Malle tinha ainda outros dois filhos de casamentos anteriores.
Louis Malle nasceu em 30 de outubro de 1932, em Thumeries (norte da França), filho de uma família de industriais do açúcar. Iniciou sua carreira cinematográfica com o curta-metragem "Fontaine de Vaucluse", de 1953.
Ganhou fama mundial a partir de "Ascensor para o Cadafalso" (1957), seu primeiro filme de ficção. No mesmo ano, é assistente de direção de Robert Bresson em "Un Condamné à Mort s'est Echappé". Um ano antes, havia dirigido com Jacques Costeau o documentário "O Mundo do Silêncio" (Palma de Ouro no Festival de Cannes e Oscar de melhor documentário).
Embora contemporâneo da Nouvelle Vague, não se ligou profundamente ao movimento. Sua carreira foi marcada pela ousadia nas temáticas de seus filmes. "O Sopro no Coração" trata de incesto. O suicídio e as pulsões da morte estão presentes em "Trinta Anos Esta Noite". O colaboracionismo francês na Segunda Guerra foi tema de "Lacombe Lucien". "Pretty Baby", seu primeiro filme norte-americano (1977), traz a pré-adolescente Brooke Shields como uma pequena prostitura de Nova Orleans.
Visita o Brasil em 1973 para tentar fazer um filme sobre a Transamazônica, mas o projeto é vetado pelos militares. Seus documentários ("Calcutta", "Bons Baisers de Bankok", "And the Pursuit of Happiness") demonstram suas preocupações sociais.
Sua carreira norte-americana foi exitosa. "Atlantic City", de 1980, ganhou o Leão de Ouro em Veneza. Ganha o prêmio novamente com "Adeus Meninos", de 1987. Neste mesmo ano volta ao Brasil, para o Festival de Cinema do Rio de Janeiro. Esteve no país pela última vez em 1993.
Seu último filme, "Tio Vânia em Nova York", do ano passado, é uma homenagem aos atores de teatro. Estava trabalhando em uma versão cinematográfica da vida da atriz Marlene Dietrich que seria interpretada por Uma Thurman.

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