São Paulo, domingo, 26 de novembro de 1995
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Mulheres 'encaram' o trânsito de moto

FERNANDA CIRENZA; LUCIANO SOMENZARI
EDITORA DE SUPLEMENTOS

LUCIANO SOMENZARI
Para elas, dois é bom, mas quatro é demais. Mulheres como a assistente administrativa Edna Antunes de Oliveira, 28, preferem motocicletas a automóveis para enfrentar o trânsito diário.
Por questões de economia e praticidade, as motocicletas caem bem no gosto delas.
Edna, por exemplo, diz que enche o tanque de sua Honda XL 125 94 com pouco menos de R$ 5 e consegue rodar a semana inteira.
"Saio de minha casa no Belém (zona leste de São Paulo) e vou até o Ibirapuera (zona sul) em 15 minutos. Se eu fosse de carro, demoraria uma hora e meia."
A assistente de cobrança Selma Ribeiro, 25, estuda e trabalha. Percorre cerca de 45 km diariamente em cima de outra XL 125. "Não conseguiria chegar a tempo em nenhum lugar se eu fosse com um carro."
Idem para Karen Gimenez, 29, empresária de banda de rock. Ela diz rodar 60 km por dia com sua XL 125 preta, modelo 88. "Meu escritório é em casa, mas eu circulo muito pela cidade sem pegar um pingo de trânsito."
Isso sem falar na economia que faz. Gasta R$ 8 por semana para encher o tanque.
Edna e Selma têm, cada uma, menos de um ano e três anos de pilotagem, respectivamente. Elas conseguiram a proeza de não sofrer acidentes no trânsito caótico de São Paulo durante esse período.
"Tomo extremo cuidado porque os motoristas não respeitam pessoas com moto", afirma Edna.
Mesmo assim, segundo ela, há uma tendência de os motoristas de automóveis respeitarem um pouco mais mulheres motociclistas.
"Percebo que quando estou com os cabelos soltos e para fora do capacete ou com uma calça mais feminina, os motoristas percebem e me respeitam", diz.
Karen é mais experiente. Pilota desde 84. Mas já levou dois tombos, sendo que em um deles fraturou o dedão do pé esquerdo. "Estava chovendo quando caí de moto. Hoje, quando o tempo está ruim, prefiro andar de ônibus."
Para ela, a única desvantagem em ser motociclista é o desprendimento que a mulher tem de ter com a vaidade.
"Não uso minissaia nem vestido e o meu cabelo está sempre despenteado", diz. Nem por isso sai de casa de cara lavada. Usa sempre batom e lápis nos olhos.
No guarda-roupas de Karen só entram calças jeans, camisetas, botas e jaquetas de couro. Alguns shorts são selecionados apenas para os dias de muito calor.
Diana Christina Januzzi, 27, produtora de eventos, é mais uma do time das mulheres que preferem as duas rodas.
Dona de uma XL 250-R branca, diz dirigir -"bem"- qualquer veículo. "Gosto de velocidade e sou capaz de pilotar moto, carro, caminhão e caminhonete."
Diana decidiu comprar uma moto em 1990, quando percebeu que não tinha dinheiro suficiente para trocar seu Fusca 78.
Hoje pensa em mudar de moto. Quer outra XL. Dessa vez, de 350 cilindradas e modelo 88. "Moto é mesmo a minha opção."

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