São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 1995
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Alto comando tenta isolar FHC da crise

DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto o presidente Fernando Henrique Cardoso evitou nesse fim-de-semana o assunto Sivam e se dedicou ao teatro (leia texto nesta página), aparentando tranquilidade, o alto comando do governo se reuniu ontem na casa do ministro das Comunicações, Sérgio Motta, em São Paulo. Foi discutida uma estratégia para tirar FHC do centro da crise do Sivam.
Estiveram com Motta o ministro do Planejamento, José Serra, o chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, e o ministro da Educação, Paulo Renato. Oficialmente, todos foram cumprimentar Motta pelos seus 55 anos, feitos ontem.
Reação
O que ficou decidido é que o governo deve buscar algum meio de reagir às acusações de que FHC, sabendo da escuta, tentou abafá-la e proteger as pessoas envolvidas: Francisco Graziano -que, segundo apuração da Polícia Federal e do Ministério da Justiça, foi quem ordenou a escuta- e o próprio "grampeado" Júlio César Gomes dos Santos, sob a suspeita de tráfico de influência.
A Folha apurou que o governo pretende transformar a solenidade de assinatura de decretos na área de telecomunicações, amanhã, também numa espécie de ofensiva para diluir a crise do Sivam. Inicialmente marcada para o Palácio do Planalto, a solenidade foi transferida para o Itamaraty.
Nesses dois dias em São Paulo, a segurança de FHC o manteve longe da imprensa. No sábado, FHC e sua mulher, Ruth, foram ao teatro e a uma recepção na casa da empresária Ruth Escobar.
Ontem, permaneceu em seu apartamento na rua Maranhão, em Higienópolis (centro de São Paulo) onde recebeu a visita do ministro da Educação, Paulo Renato.
Após uma hora de encontro, Paulo Renato disse que tratou com o presidente apenas assuntos relativos à sua pasta.
O ministro comentou o caso Sivam: "Não tenho acompanhado o que acontece com o Sivam, só soube do caso pelos jornais".
O ministro disse que a última semana havia sido "terrível" para ele, empenhado em obter a aprovação do Congresso para a criação do Conselho Nacional de Educação e da reforma do ensino básico.
Sobre a colocação do "grampo" que revelou indícios de tráfico de influência na aprovação do projeto do Sivam, no entanto, o ministro estava informado. Disse ter lido acusações contra o presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Francisco Graziano, mas não provas de que foi ele o autor do pedido de escuta das conversas.
Estiveram também com o presidente os médicos Rubens Belford Júnior, oftalmologista, e Arthur Ribeiro, clínico geral.
Ambos negaram que FHC tivessem qualquer problema de saúde e disseram ter estado com o presidente para tratar do Instituto da Catarata -da Escola Paulista de Medicina- e do Hospital do Rim e da Hipertensão.
FHC fica em São Paulo hoje até as 12h30, quando volta a Brasília. Às 10h25, participa da abertura da Feira Brasil-ALemanha de Tecnologia para o Mercosul.

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