São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 1995
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IBM aposta nas fusões bancárias

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A IBM, maior empresa de informática do mundo, está ampliando sua atuação no mercado financeiro brasileiro. A empresa está investindo alguns milhões de dólares num negócio inédito na história da companhia: comprou 51% de uma empresa de consultoria financeira, a Controlbanc, de São Paulo.
Ao associar-se à Controlbanc, a IBM mostrou que aposta na reestruturação do sistema bancário nacional e não se contenta em apenas vender computadores para os bancos e seus clientes, disse à Folha o diretor da multinacional, Antonio de Castro Figueiredo Filho.
"Queremos vender também uma outra mercadoria fundamental na corrida de fusões e aquisições de bancos: inteligência", afirmou.
Ele não revela o valor do investimento na Controlbanc, empresa especializada em bancos, seguros e previdência, fundada por cinco sócios da Price Waterhouse. Com 30 consultores, a Controlbanc vale, segundo a Folha apurou, entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões.
O objetivo da associação, selada há dois meses e só agora divulgada, é oferecer soluções completas de reengenharia e reestruturação de empresas financeiras, da concepção do negócio à tecnologia final, explicou Figueiredo.
"A Controlbanc entra com o know-how no mercado financeiro e a IBM, que fornece equipamentos para a maioria dos bancos, entra com a tecnologia."
No resto do mundo -à exceção de Nova York, onde a IBM seguiu recentemente o exemplo do negócio com a Controlbanc -o serviço de consultoria da companhia é feito por 2.500 empregados.
Não é à toa que a IBM quer mais do que simplesmente vender computadores para o mercado financeiro. Esse filão representa atualmente cerca de 30% do faturamento da empresa no país.
No ano passado, a IBM faturou US$ 1,5 bilhão no Brasil e US$ 64 bilhões no mundo todo. Neste ano, até setembro, vendeu US$ 50 bilhões em software e hardware.
A tendência do negócio, aqui e lá fora, é de crescimento. Em 1995, a IBM espera vender o dobro dos 70 mil micros vendidos o ano passado no Brasil. O salto fará do país o principal mercado emergente para a IBM.
No setor financeiro, a evolução salta aos olhos. De carona no "home banking" (banco em casa), a IBM passou a vender micros em agências bancárias. Como as do Unibanco, que chegaram a ser, no final de 94, o maior canal de vendas da empresa no mundo todo.
"Os bancos estão sendo obrigados, à luz da globalização e dos novos serviços financeiros, a investir em novos sistemas centrais e periféricos", comenta João Cirilo Miedzinski, sócio da Controlbanc. Além de investir em consultoria e em sistemas para os bancos, seguradoras e empresas de previdência privada, a IBM quer explorar outros nichos de mercado. Um deles é o processamento de cartões de crédito, hoje feito por empresas como a Proceda, a Unisa e a Upsi. Outro é a transferência eletrônica de fundos.
Nos Estados Unidos, a IBM está envolvida numa das maiores fusões bancárias do país, a do Chemical Bank com o Chase Manhattan Bank. No Brasil, espera participar das fusões bancárias que estão a caminho.

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