São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 1995
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O paredão holandês

CIDA SANTOS

O dia hoje amanhece com o maior clássico do vôlei mundial: Brasil x Itália. Depois do jogo, os brasileiros podem fazer as contas, já que as últimas rodadas da Copa do Mundo devem ser computadas como vitórias certas. A turma de Maurício e Tande já enfrentou os principais adversários. A partir de amanhã, só vão restar Canadá, China, Egito e Japão. Já a Itália ainda tem Cuba e EUA pela frente.
Nestes dez primeiros dias de jogos, nenhuma seleção mostrou um bloqueio como o da Holanda. Só na vitória sobre o Brasil, 24 dos 61 pontos assinalados foram de bloqueio. Quase dois sets, sabe lá o que é isso? Somados pontos e vantagens, a média holandesa é de 44 bloqueios por jogo, contra 36 do Brasil.
Os holandeses sempre impressionaram pelo poder físico. O time tem os gigantes do mundo do vôlei. O levantador Peter Blange, com 2,05 m, e os centrais Posthuma e Van de Goor, os dois com 2,09 m, dão a medida da equipe.
Quem melhor definiu a Holanda foi um ex-supervisor da seleção brasileira, Edgar Hargreaves. Foi em 1990. O Brasil fazia um de seus primeiros jogos contra esta geração holandesa nas finais da Liga Mundial, em Osaka. A derrota foi por 3 a 0. Brincalhão, Hargreaves dizia que os holandeses tomavam Leite Ninho desde seus tataravós e que, para passar pelo bloqueio deles, só com uma arma.
Brincadeiras à parte, o certo é que, desde 92, o Brasil não perdia dos holandeses. Apesar dos recursos físicos, a Holanda parece desenvolver uma eterna vocação para vice. Nos últimos anos, nenhuma outra seleção ganhou tantas medalhas de prata. Ontem, o time voltou a tropeçar diante da Itália.
Já o Brasil tem mostrado que pode contar com a turma do banco. O maior exemplo foi Nalbert. Ele deu um show no passe, na defesa e fez parte do melhor momento da seleção nos últimos anos: 15 a 0 sobre Cuba no segundo set.
Quem também está fazendo sucesso é o atacante juvenil Giba, de 18 anos. Ontem, contra a Argentina, ele arrancou gritinhos das japonesas. Na seleção, tem uma história que vale a pena ser contada.
Na final do último Sul-Americano, também contra a Argentina, Giba entrou no segundo set e, logo de cara, falhou na recepção de um saque de Milinkovic. O técnico Zé Roberto ia tirá-lo da quadra, mas mudou de idéia quando viu Giba batendo no peito e pedindo para o argentino sacar em cima dele novamente. Resultado: pela personalidade, ganhou um lugar no time.

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