São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 1995
Texto Anterior | Índice

Empresário acusa deputado de extorsão

CARLOS MAGNO DE NARDI
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Ricardo Steinfeld, dono do bingo Liberty, em São Paulo, afirmou ontem em depoimento à polícia ter pago US$ 150 mil a um advogado ligado à família do deputado Marquinho Chedid (PSD-SP) para isentar de culpa sua empresa na CPI do Bingos.
No depoimento, obtido com exclusividade pela Folha, Steinfeld disse que o pagamento foi feito ao advogado Francisco José Franco em seu apartamento na capital.
Franco foi chefe de gabinete do pai de Marquinho Chedid, o deputado estadual Nabi Abi Chedid, de 86 a 87, na Assembléia de São Paulo. Na época, Nabi era líder do PFL. No ano passado, o advogado trabalhou na Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
A secretaria era dirigida por Odyr Porto, ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo.
O depoimento foi prestado no 89º Distrito Policial de São Paulo, em investigação pedida pela Corregedoria da Câmara dos Deputados. Acompanharam o depoimento o corregedor da Câmara, deputado Beto Mansur (PPB-SP), o delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva e o promotor de Justiça Marco Aurélio Ramos de Carvalho.
O empresário disse à polícia que, um dia após prestar depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bingos, em 3 de outubro, manteve o primeiro contato com Franco. Dias depois, disse o empresário, se reuniu com Franco no apartamento do advogado em São Paulo.
Negociação
Nesse encontro, Franco teria lhe dito que havia conversado com Marquinho Chedid e que o bingo Liberty seria "esquecido" pela CPI caso pagasse US$ 1 milhão.
Segundo o empresário, novo encontro foi realizado no dia 9 de outubro no apartamento de Franco, quando o advogado, mediante pedido do próprio empresário, telefonou para Marquinho Chedid e solicitou uma redução do valor.
Depois de várias negociações, disse o empresário, o preço final ficou estabelecido em US$ 300 mil, parcelado em duas vezes.
O segundo pagamento, de US$ 150 mil, não chegou a ser feito porque o acordo previa a entrega do dinheiro só depois do relatório final da CPI.
Steinfeld disse que, depois do acordo financeiro, passou a ser tratado de forma "cortês" pela CPI. O empresário disse ainda que procurou o deputado corregedor da Câmara para que pudesse depor perante a polícia e denunciar os fatos de que foi "vítima".
Segundo ele, outros proprietários de bingos também foram assediados e extorquidos.

Texto Anterior: Enorme fofoca
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.