São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 1995 |
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Wise usa o boxe como rebeldia
MARCELO REZENDE
O filme, rodado em 1956, mostra a trajetória de Rocky Graziano, o grande campeão branco dos ringues norte-americanos. Foi a segunda incursão de Wise no tema, que antes já havia dirigido "Punhos de Campeão". Depois de uma carreira extremamente irregular, o diretor acabaria sendo lembrado pela feitura de alguns grandes musicais, como "A Noviça Rebelde" ou "Amor, Sublime, Amor". Mas "Marcado" está ainda longe do balé, ainda que esteja perto da coreografia. Sua história parece um produto típico dos filmes rodados no período áureo do Actor's Studio, em Nova York. O Studio, uma escola que produziu uma série de atores que incorporavam um certo espírito da rebeldia de seu tempo, materializado em Marlon Brando, Montgomery Clift, James Dean e o Paul Newman dos primeiros filmes. E Graziano é exatamente Newman, que dá força a um personagem que abraça o boxe não por amá-lo como uma arte, mas antes por ser a única saída possível para uma vida que oscila entre o talento e o caminho da mais plena marginalidade. Um soco no filme de Wise não é gerado apenas pela necessidade de tentar derrubar o oponente, uma consequência das regras do próprio jogo. Parece antes ser o resultado de combustão interna de seu lutador, uma forma de ilustrar sua rebeldia. O que é acentuado intensamente pelas cenas de luta -nem sempre acontecidas no ringue- em preto-e-branco. "Marcado Pela Sarjeta" não é o filme definitivo sobre esse esporte, mas faz parte de um tempo em que o boxe era mostrado com uma certa nobreza. Algo que poder ser claramente notado em relação aos dois outros filmes que a TNT exibe também hoje: "Rocky 4"e "O Campeão". Filmes que usam o esporte apenas como pretexto para outros fins. Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: Altman quebra regra para mostrar jogatina Índice |
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