São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 1995
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Israel faz apelo inédito para paz com a Síria

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O chanceler de Israel, Ehud Barak, fez um apelo dramático pela paz com a Síria face a face com o chanceler do país, Faruk al Chara, durante uma conferência em Barcelona (Espanha).
O sírio respondeu que aceita fazer paz com Israel em troca de uma total retirada israelense de territórios sírios.
Falando com Chara abertamente no primeiro fórum multilateral em que os dois países participam, Barak disse: "Temos sido rivais nos campos de batalha e derramamos o sangue de nossos soldados corajosos. Façamos a paz agora".
Barak era comandante das Forças Armadas e se tornou chanceler na semana passada.
Ele foi indicado pelo premiê Shimon Peres depois do assassinato de Yitzhak Rabin em Tel Aviv, no dia 4 de novembro.
"A paz entre nós é de importância estratégica para Israel e, acredito, de importância estratégica para a Síria também."
O chanceler sírio, em resposta, afirmou: "Se a paz é estratégica para Israel, então podemos atingir a paz nos próximos meses".
Um porta-voz do governo israelense disse que não havia planos para que os dois chanceleres tivessem contato direto na conferência.
O chanceler israelense ainda convidou a Síria para colaborar na exploração dos recursos de energia e de água.
A Síria e o seu aliado Líbano são os únicos países com os quais Israel ainda não acertou a paz.
Os israelenses ocupam as colinas do Golã (Síria) desde a Guerra dos Seis Dias (1967) e o sul do Líbano desde 1982. Israel já promoveu a paz com o Egito, com os palestinos e com a Jordânia.
A Conferência Euromediterrânea começou ontem em Barcelona para discutir meios de associação econômica entre a União Européia e os países do Oriente Médio e do norte da África.
Em Jerusalém, o premiê israelense, Shimon Peres, reiterou ontem que a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) terá de retirar alguns parágrafos de sua Carta Nacional. Nesses parágrafos, a OLP prega a destruição do Estado de Israel.
"Se esses parágrafos não forem anulados, a locomotiva do processo de paz se deterá."
O primeiro-ministro disse que, segundo os acordos com a OLP, os parágrafos terão de ser retirados depois das eleições palestinas, que ocorrerão no dia 20 de janeiro.
Horas antes do anúncio do chanceler israelense, a ministra das Comunicações, Ciências e Artes, Shulamit Aloni, havia recebido uma carta com ameaças de morte. A carta, segundo ela, dizia: "Seu lugar é lá (no céu). A terra nos pertence".
A carta tinha como remetente uma sede do Partido Likud (oposição), que negou envolvimento. A ministra disse que também não crê no envolvimento da oposição.
Ontem, em operação contra o radicais palestinos, o Exército israelense invadiu comitê do Hamas (Movimento de Resistência Islâmico) em Tulkaram, Cisjordânia.
Computadores, documentos e uma máquina de fax foram confiscados. O Exército afirmou que o comitê foi invadido porque tinha material de incitação contra Israel.

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