São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 1995
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Senadores peemedebistas defendem CPI do Sivam

LÚCIO VAZ; RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PMDB no Senado decidiu defender a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar todo o caso Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), entrando em atrito com os outros dois maiores partidos governistas -PFL e PSDB.
O líder peemedebista, senador Jáder Barbalho (PA), disse que a supercomissão criada no Senado para apurar o caso não tem poderes para investigar o "grampo do telefone do ex-chefe do cerimonial do Palácio do Planalto Júlio César Gomes dos Santos e nem as denúncias de tráfico de influência.
"Se querem investigar tudo, que tenham coragem de criar uma CPI de verdade e não uma meia CPI", afirmou Barbalho. A decisão de defender a CPI foi tomada pela bancada peemedebista.
Já circula na Câmara um pedido de instalação da CPI do Sivam. A coleta de assinaturas está sendo promovida pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ele precisa ter o apoio de 171 deputados.
O PMDB acha que a supercomissão deve limitar-se a examinar o pedido do governo de autorização de empréstimo de U$ 1,4 bilhão junto ao Eximbank, para pagar a empresa Raytheon, encarregada de implantar o Sivam.
A supercomissão é formada pelas comissões de Assuntos Econômicos (CAE), de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e de Fiscalização e Controle (CFC).
Outra preocupação do PMDB é preservar o relator do pedido de empréstimo no âmbito da CAE, Gilberto Miranda (PMDB-AM).
Na reunião, a bancada manifestou receio de que o parecer do relator da supercomissão -Ramez Tebet (MS), também do PMDB e membro da CAE- possa "desautorizar" o de Miranda, contrário à autorização o empréstimo.
Por seu lado, PFL e PSDB se mobilizaram para tentar neutralizar a iniciativa peemedebista. O presidente da supercomissão, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), reuniu-se com o líder do PSDB, Sérgio Machado (CE).
Os dois partidos defendem que a supercomissão, instalada ontem, esgote toda a apuração.
A reunião de instalação foi secreta, para que os membros ouvissem as conversas gravadas entre o embaixador Júlio César e o representante da Raytheon no Brasil, José Afonso Assumpção, dono da Líder Táxi Aéreo.
ACM é o maior defensor de que a supercomissão tenha amplos poderes para investigar os aspectos técnicos, a escuta telefônica e as denúncias de tráfico de influência.
O líder do PPB, Epitácio Cafeteira (MA), acha que a supercomissão não tem poderes nem sequer para ouvir as fitas. "Se alguma investigação tiver de ser feita, que se crie uma CPI", disse.

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