São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 1995
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'Ineficiência ajuda nova rede'

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

A ineficiência do mercado varejista nacional criou a oportunidade para o Wal-Mart se instalar no Brasil, um mercado considerado com grande potencial para expansão de negócios.
Essa é a avaliação do norte-americano Gene Wright, especialista em varejo e diretor da Andersen Consulting em Chicago (EUA).
O especialista inclui no rol dos ineficientes o Carrefour, empresa líder no ranking brasileiro de hipermercados.
"Houve acomodação do Carrefour", disse Wright, ontem, ao analisar o impacto da entrada da maior rede varejista do mundo no mercado nacional.
A estratégia do "preço isca", isto é, de atrair o consumidor anunciando apenas alguns produtos com cotações muito baixas, usada frequentemente pelas grandes redes, está ultrapassada, na opinião do consultor.
Para Francisco Ribeiro, diretor da Andersen Consulting no Brasil, não houve acomodação da concorrência. É que hoje o Wal-Mart, assim como o Carrefour nos anos 80, trouxe um novo modelo de loja, mais eficiente para o varejo.
Um modelo que, que segundo Ribeiro, se traduz em uma margem bruta (sem incluir os impostos) de venda cada vez menor para a maioria dos produtos, tendo como meta ganhar na comercialização de grandes volumes.
Além disso, o sistema de compras é globalizado, o que permite ter preços mais competitivos.
Segundo Wright, a entrada do Wal-Mart deve provocar uma polarização no mercado brasileiro.
Na outra ponta vão estar as empresas diferenciadas que, além das mercadorias, oferecem serviços e idéias para o cliente, que elas fazem questão de conhecer bem.
Para o especialista norte-americano, perde nessa briga o varejista que quiser fazer as duas coisas ao mesmo tempo e não definir qual será o seu modelo de loja.
A tendência, segundo Wright, é de ocorrer fusões e aquisições de empresas do varejo brasileiro daqui para frente. Mas ele não sabe calcular quantas empresas vão cair fora do mercado.
A previsão para o varejo norte-americano é que, nos próximos cinco anos, as dez maiores companhias vão deter 50% do mercado.
Concorrência desleal
Para os especialistas da Andersen, ao vender mercadorias abaixo do custo, o Wal-Mart não está fazendo concorrência desleal.
É que a empresa está sustentando esse nível de preços com custos mais enxutos e não às custas de prejuízos.
Segundo Wright, essa questão chegou a ser discutida na Suprema Corte de Justiça dos Estados Unidos, que concluiu que não havia problemas nesse procedimento comercial.

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