São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 1995 |
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BC perde pelo menos R$ 2 bi com Nacional
GUSTAVO PATÚ; CARI RODRIGUES
A transação foi feita já no último dia 18, sábado, quando o BC assumiu a administração do Nacional e viabilizou a venda da parte boa do banco -clientes, agências e operações rentáveis- ao Unibanco. Restou sob a administração do Banco Central a parte ruim do banco, incluindo uma dívida próxima de R$ 4 bilhões junto ao Banco do Brasil, à CEF (Caixa Econômica Federal) e a outros bancos que, em menor proporção, vinham financiando o Nacional. No mesmo sábado, já sob o comando do BC, o Nacional gastou R$ 2 bilhões para adquirir no mercado créditos podres contra o governo federal, com deságio aproximado de 60%. Esses créditos são referentes à dívida do FCVS (Fundo de Compensação das Variações Salariais, gerido pelo Tesouro para cobrir o rombo dos financiamentos habitacionais). Trata-se de dívida atrasada e de pagamento duvidoso. Entretanto, o BC abriu uma linha de crédito de R$ 4,180 bilhões para o Nacional, destinada a pagar as dívidas com BB e CEF, aceitando como garantia os créditos podres comprados pelo banco -pelo valor integral, de R$ 5 bilhões. Segundo a Folha apurou, o Nacional já tomou cerca de R$ 2,6 bilhões da linha de crédito. Avalia-se no governo que ainda neste ano a linha será usada integralmente. Informações negadas Ontem, o ministro Pedro Malan (Fazenda) e o presidente do BC, Gustavo Loyola, depuseram no Congresso sobre a operação Nacional-Unibanco e sobre as novas regras para fusões bancárias. Mas preferiram omitir os detalhes da transação. Malan disse que o governo prestará contas aos parlamentares do gasto público para socorrer bancos, mas só depois da conclusão das operações. "A prestação será feita, só está em discussão o momento, a oportunidade", disse. Loyola confirmou apenas a dimensão aproximada da linha de crédito ao Nacional, "de cerca de R$ 4 bilhões". Parlamentares oposicionistas se irritaram com o que chamaram "informações negadas". O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) perguntou a Malan quanto custará aos cofres públicos o programa de socorro a bancos. O ministro recusou o termo "socorro" e disse que qualquer cálculo seria "chute". A senadora Júnia Marise (PDT-MG) também considerou insatisfatórios os esclarecimentos e pretende convocar novamente o ministro da Fazenda. Texto Anterior: Bid e Banco Mundial vão avaliar Venezuela Próximo Texto: SAIBA COMO O NACIONAL CONSEGUIU R$ 2 BI Índice |
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