São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995
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"Lumière" brasileiro também era médico, bicheiro e dramaturgo

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os livros de história do cinema brasileiro ainda apontam como primeiro filme feito no Brasil as imagens da baía da Guanabara registradas por Afonso Segreto em 19 de junho de 1898, a bordo de um barco que chegava ao Rio.
Há dois anos, entretanto, o pesquisador José Inácio de Melo Souza encontrou meio por acaso no Arquivo Nacional, no Rio, 24 fotogramas de um filme quase um ano mais velho: são imagens de um ancoradouro realizadas pelo advogado e médico José Roberto da Cunha Salles.
O próprio Salles depositou seu filme na seção de Privilégios Industriais do Ministério da Agricultura, no Rio, em 27 de novembro de 1897, junto com um pedido de patente para uma câmera que ele mesmo teria inventado.
Além de médico e advogado, esse curioso Lumière tupiniquim era bicheiro, dramaturgo e prestidigitador.
Segreto, por sua vez, era irmão de Paschoal Segreto, dono da primeira sala de projeção do Rio, criada em 1897 -e talvez por isso seu nome tenha entrado mais facilmente para a história.
Embora a primeira exibição de cinema no país tenha ocorrido em julho de 1896, o novo meio só teria um grande impulso em 1907, quando a usina hidrelétrica de Ribeirão das Lajes começou a fornecer eletricidade para o Rio. Em menos de um ano, abriram-se então 18 novas salas de cinema. Com atraso de dez anos, abria-se a primeira sala fixa de exibição em São Paulo.
(JGC)

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