São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995
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Fidel vai à China analisar reformas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente cubano, Fidel Castro, começou ontem sua primeira visita à China.
Ele disse pretender estudar os sucessos e fracassos do desmonte do marxismo ortodoxo no país, sistema ainda vigente em Cuba.
Questionado sobre o que Fidel esperava aprender com as reformas econômicas na China, o embaixador cubano em Pequim, José Guerra, respondeu: "Os erros, e com certeza eles são muitos. É importante conhecer em que China e Cuba erraram. Não só no passado. Mas também em que podemos errar nesse novo processo'.'
Fidel ignorou os repórteres em Pequim ao descer de seu avião Iliuchin-62, produzido na Rússia. Seu primeiro contato com a revolução econômica chinesa foi pelos vidros fumê de uma limusine alemã.
Hoje pela manhã, Fidel deve receber boas-vindas oficiais do presidente Jiang Zemin na praça Tiananmen (Paz Celestial).
Depois, estão previstos uma visita ao mausoléu do líder revolucionário chinês Mao Tse-tung e encontros com líderes chineses.
A saída do líder do Partido Comunista vietnamita, Do Muoi, de Pequim dissipou especulações de que ele, Fidel e Jiang fariam uma grande cúpula socialista.
A visita de Fidel Castro à China deve durar dez dias. Está prevista a assinatura de um acordo de cooperação econômica entre os países.
Fidel deve ainda visitar as cidades de Xangai, Hangzhou e Xian, para conhecer as reformas políticas. Sua permanência em Pequim deve ser apenas de três dias. Outros países da Ásia também estão no programa de visitas de Fidel, entre eles o Vietnã.
O embaixador Guerra disse que Fidel iria prestar "grande atenção" às zonas econômicas especiais na região sul da China, onde há incentivos para o investimento estrangeiro.
"Mas o embargo econômico dos EUA impediria reformas desse tipo em Cuba", diz o embaixador.
Depois de experiências que tiveram resultados considerados ruins com a coletivização da propriedade, o líder chinês Deng Xiaoping iniciou processo de abertura econômica em 1978. Apesar das reformas econômicas, o país manteve o regime fechado.
O colapso da União Soviética, que ajudava Cuba financeiramente, fez com que o país tentasse se aproximar dos chineses nos últimos anos.
A viagem de Fidel é uma retribuição à visita do presidente Jiang e do premiê Li Peng a Cuba, em 1993. Cuba se tornou o primeiro país latino-americano a estabelecer relações diplomáticas com a China, no ano de 1960.

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