São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995
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Clinton elogia paz na Irlanda

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

O presidente dos EUA, Bill Clinton, desembarcou ontem de manhã em Londres para uma viagem de três dias que inclui visitas à Irlanda do Norte hoje e à República da Irlanda amanhã.
Após encontro com John Major, premiê do Reino Unido, Clinton elogiou o acordo entre os governos britânico e irlandês que objetiva dar novo fôlego ao processo de paz da Irlanda do Norte.
O acordo foi divulgado às 23h (21h em Brasília) de anteontem, menos de oito horas antes da chegada de Clinton ao Reino Unido.
A nova proposta, apelidada de "processo de cursos paralelos", prevê a criação de uma comissão internacional independente que fará uma proposta para a deposição de armas em poder do IRA (Exército Republicano Irlandês) e de grupos paramilitares protestantes.
Os governos britânico e irlandês pretendem iniciar conversas com líderes da Irlanda do Norte, em preparação para as negociações de paz entre as partes envolvidas, anunciadas para fevereiro de 1996.
O processo de paz estava paralisado devido à exigência, por parte do governo britânico, de que o IRA entregasse suas armas antes do início das conversas de paz.
A precondição é rejeitada por Gerry Adams, líder do Sinn Fein, partido político ligado ao IRA.
"Minha mensagem para o IRA é que o 'processo de cursos paralelos' forneceu um mecanismo para que todas as partes, honradamente, tragam suas preocupações para a mesa e sejam ouvidas", disse ontem o presidente Clinton.
Major voltou a exigir a entrega das armas. "Se eles querem paz, não precisam de revólveres", afirmou o premiê britânico.
A polícia britânica disse ter encontrado ontem duas possíveis bombas em Belfast, capital da Irlanda do Norte, na véspera da visita de Clinton à cidade.
Um dos aparelhos foi encontrado e explodido a 600 m do hotel onde Clinton vai se hospedar, e o outro, a cerca de 1,5 km.
Na cidade, o líder do Sinn Fein, Gerry Adams, reagiu de forma cautelosa ao anúncio do acordo. "Está na hora dos outros (Major e unionistas) fazerem algo de bom. A definição do acordo de paz não está em mãos deles."
David Trimble, líder do Partido Unionista da Irlanda do Norte, o principal partido protestante, reiterou sua posição de não se sentar à mesa de negociações enquanto o Sinn Fein não entregar suas armas.
"O Sinn Fein-IRA está retendo suas armas para ameaçar as pessoas, mas nós não cederemos a essas ameaças", disse.
Hoje, Clinton fará a primeira visita de um presidente norte-americano à Irlanda do Norte, província britânica onde a minoria católica (28% da população) e a maioria protestante (42%) vivem em permanente conflito.

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